O ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) minimizou seu caso ao compará-lo com o ex-ministro do Planejamento, Romero Jucá. “Depois da gravação do Mercadante, Lula e Dilma e essa agora do Jucá, com todo respeito, a minha conversa é uma Disney, uma grande brincadeira”, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo.
Jucá foi flagrado em uma gravação com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, propondo um pacto para deter a Operação Lava Jato, que apura um um suposto esquema bilionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Com a polêmica, ele se afastou do cargo.
Para o ex-senador, a ação do ex-ministro demonstra uma obstrução da justiça. “O que essas gravações provam é que há uma obstrução de justiça institucionalizada, à nível presidencial e no Legislativo. Uma obstrução de justiça em cima de um pacto que passa pelo afastamento de uma presidente, isso é muito grave!”, exclamou.
Delcídio opinou que acabou tendo o mandato cassado por muito menos que as suspeitas que pairam sobre Jucá. “Ele fala de tudo, e por muito menos eu fui pro saco. Ele cogita uma mudança de governo para se fazer um pacto contra a Lava Jato. É absurdo!”, afirmou.
Porém, ele desconversou quando questionado se Jucá deveria ser preso. “Ele não devia nem ter sido nomeado. Ele não volta mais para o Ministério, não tem condições. Com essa gravação, o Romero se inviabilizou”, disse.
O ex-senador acredita que a revelação do áudio não vai comprometer o processo de impeachment contra Dilma Rousseff (PT). “A gravação deu munição, é um discurso muito forte para a base parlamentar da Dilma, mas não reverte o impeachment por questões absolutamente práticas”, explicou.
Antonio Cruz/Agência Brasil
Ministro do Planejamento concedeu entrevista coletiva à imprensa para comentar reportagem
Denúncia
A edição de segunda-feira do jornal Folha de S.Paulo divulgou trechos de gravações obtidas pelo jornal que mostram conversas entre o ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Nas gravações, o ministro sugere que seria preciso mudar o governo para “estancar” uma “sangria”. Segundo as informações do jornal, o ministro estaria se referindo à Operação Lava Jato, que investiga fraudes e irregularidades em contratos da Petrobras.
Segundo a reportagem publicada pela Folha, os diálogos ocorreram em março deste ano. As datas não foram divulgadas, mas o jornal diz que as conversas ocorreram semanas antes da votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. De acordo com o texto, Machado teria procurado líderes do PMDB por temer que as apurações sobre ele, que estão no Supremo Tribunal Federal (STF), fossem enviadas para o juiz federal Sérgio Moro, em Curitiba, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância.
Nos trechos publicados, Machado diz que está preocupado com as possíveis delações premiadas que podem ser feitas. “Queiroz [Galvão] não sei se vai fazer ou não. A Camargo [Corrêa] vai fazer ou não. Eu estou muito preocupado porque eu acho que... O Janot [procurador-geral da República] está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho”.
Jucá responde que Machado precisava ver com seu advogado “como é que a gente pode ajudar” e cita que é preciso haver uma resposta política e mudança no governo. “Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria”, disse o ministro, segundo o jornal.
No diálogo publicado, Machado diz que a “solução mais fácil” era ter o então vice-presidente Michel Temer na presidência e que seria preciso fazer um acordo. “É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional” e Jucá responde: “Com o Supremo, com tudo”. Logo em seguida Machado diz: “Com tudo, aí parava tudo” e o ministro concorda: “É. Delimitava onde está, pronto”.
Em entrevista na manhã de segunda-feira, Jucá negou que tenha tentado obstruir as investigações da Operação Lava Jato. “Nunca cometi e nem cometerei qualquer ato para dificultar qualquer operação, seja Lava Jato, ou qualquer outra”, disse Jucá, que também criticou a matéria da Folha por publicar “frases soltas dentro de um diálogo”.
Caso
Delcídio foi preso em 25 de novembro de 2015, suspeito de atrapalhar as investigações da operação Lava Jato, que investiga um suposto esquema bilionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Ele foi flagrado oferecendo propina e um plano de fuga ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, para que ele não fizesse acordo de delação premiada com o Ministério Público.
O filho de Cerveró, para quem Delcídio fez a proposta, entregou um áudio da conversa às autoridades, o que provocou a prisão em flagrante do senador. Delcídio foi solto após 87 dias, em 18 de fevereiro. No dia 15 de março, o Supremo Tribunal Federal (STF) homologou seu acordo de colaboração premiada.
No dia 10 de maio, o Senado decidiu por 74 votos e uma abstenção cassar o mandato de Delcídio. Uma semana depois, o suplente Pedro Chaves (PSC) tomou posse na vaga e concluirá o mandato até 2019.
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*Com informações dos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo