A Santa Casa de Campo Grande será processada pelo não pagamento dos salários de 78 médicos. O Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul (Sinmed) afirmou que irá protocolar a ação judicial na última quarta-feira (11), após cinco meses de atrasos e várias tentativas frustradas de negociação com a administração do hospital. A dívida com os profissionais já ultrapassa R$ 3 milhões, segundo a entidade.
"Entramos em contato diversas vezes, mas a situação se repete ano após ano", criticou o presidente do Sinmed, Marcelo Silveira. Mesmo diante dos atrasos, ele ressalta que os médicos seguem atendendo normalmente. "Não queremos que a população seja prejudicada. Nossa prioridade é evitar o colapso no atendimento público", declarou.
O hospital alega que os problemas financeiros decorrem do subfinanciamento crônico por parte do setor público. Em nota, a assessoria da Santa Casa informou que a instituição é filantrópica e sofre com a defasagem contratual. “Sem uma revisão urgente do contrato, baseado em preços públicos, não temos como honrar todos os compromissos com prestadores e fornecedores”, justificou.
A crise já levou ao fechamento temporário de setores e à suspensão de cirurgias. No primeiro semestre, a situação foi debatida em audiências públicas, o que motivou o envio de R$ 25 milhões em emendas parlamentares e o aumento de R$ 1 milhão nos repasses mensais da prefeitura. Apesar disso, os atrasos continuam recorrentes, inclusive entre os funcionários contratados via CLT.
Os salários dos médicos são pagos por empresas terceirizadas que mantêm contratos com a Santa Casa. Essas empresas subcontratam os profissionais como pessoas jurídicas para atuar em diversas especialidades, como ortopedia e neurocirurgia – áreas nas quais o hospital é referência em Mato Grosso do Sul. Até o momento, os profissionais não cogitam paralisações.