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Política Terça-feira, 15 de Março de 2016, 14:32 - A | A

Terça-feira, 15 de Março de 2016, 14h:32 - A | A

Delação premiada

Ministro da Educação ofereceu ajuda para evitar delação de Delcídio do Amaral

Em depoimento, senador diz acreditar que Aloizio Mercadante agiu como “emissário de Dilma Rousseff”

Adriel Mattos
Capital News*

Wilson Dias/Agência Brasil

Ministro da Educação, Aloizio Mercadante

Ministro da Educação, Aloizio Mercadante

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante (PT), teria ofertado ajuda financeira e política para evitar que o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) firmasse acordo de colaboração premiada. A homologação do acordo veio nesta terça-feira (15) pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A Procuradoria-Geral da República (PGR) recebeu do parlamentar uma gravação feita por um de seus assessores, José Eduardo Marzagão. Mercadante teria se reunido três vezes com o assessor no Ministério da Educação, de acordo com o portal G1.

Deurico/Arquivo Capital News

Delcídio do Amaral

Delcídio do Amaral

Nessas conversas, o ministro quis deixar claro que Delcídio não deveria dizer nada ao Ministério Público para as investigações da operação Lava-Jato, que apura um suposto esquema bilionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

“Aloizio Mercadante disse a Eduardo Marzagão para o depoente [Delcídio] ter calma e avaliar muito bem a conduta a tomar diante da complexidade do momento político; que a mensagem, a bem da verdade era no sentido do depoente não procurar o Ministério Público Federal, para, assim, ser viabilizado o aprofundamento das investigações da Lava Jato”, consta no depoimento.

Suporte
Mercadante ofereceu ajuda para Delcídio resolver questões “financeiras” e para pagar advogados no processo da operação, conforme declarou o senador. O ministro chegou a dizer que o problema do senador seria esquecido em breve.

“Aloizio Mercadante também afirmou que, em pouco tempo, o problema do depoente [Delcídio] seria esquecido e que ficaria bem; que sabe dizer que, em dado momento, Eduardo Marzagão mencionou que o depoente e sua família e sua família estavam gastando dinheiro com advogados e, para tanto, colocando imóvel à venda; que naquele momento, Aloizio Mercadante disse que a questão financeira e, especificamente, o pagamento de advogados, poderia ser solucionado, provavelmente por meio de empresa ligada ao PT”, diz o texto.

José Cruz/Agência Brasil

Presidente Dilma Rousseff

Presidente Dilma Rousseff

Delcídio destacou que acredita que Mercadante agiu como “emissário de Dilma Rousseff”, em função da confiança que a presidente da República tem no ministro da Educação.

“Aloizio Mercadante é um dos poucos que possui a confiança de Dilma Rousseff, tendo afirmado, inclusive, que ‘se ela tiver que descer a rampa do Planalto sozinha, eu descerei ao lado dela’. Que, em razão disso, entendeu o depoente [Delcídio] que Aloizio Mercadante agiu como emissário da presidente da República e, portanto, do governo”, informa o depoimento do senador.

O parlamentar demonstrou preocupação ao relatar que houve “ameaça velada” do ministro, já que ele se referiu a Delcídio como “agente de desestabilização”, se firmasse o acordo de colaboração.

“Aloizio Mercadante disse, ainda, que se o depoente resolvesse colaborar com o Ministério Público Federal e com o Poder Judiciário, receberia uma 'responsabilidade monumental" por ter sido "um agente de desestabilização; Que o depoente achou estranha esta afirmação, acreditando que possa ter representado ameaça velada a vista de possível recrudescimento da crise política, o que poderia resultar em problemas para o próprio Aloizio Mercadante”, diz trecho do depoimento.

 

Leia a íntegra do acordo de colaboração premiada de Delcídio do Amaral:

 

 

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*Com informações do portal G1

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