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Política Terça-feira, 31 de Agosto de 2010, 18:47 - A | A

Terça-feira, 31 de Agosto de 2010, 18h:47 - A | A

\"Alfinetadas\" e \"demonstrações de números\" pontuam debate entre candidatos ao governo

Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)

Debate entre os três postulantes ao cargo de governador do Estado, promovido pela Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems), teve além de apresentação de propostas acusações, principalmente entre o candidato à reeleição André Puccinelli (PMDB) e o candidato a tentar retornar ao cargo, José Orcírio Miranda dos Santos (o Zeca do PT). Nei Braga (PSOL) se posicionou como alternativa entre os “dois iguais”.

O evento da tarde desta terça-feira (31) foi na sede da entidade, na Rua 26 de Agosto. Já na entrada, algumas bandeiras amarelas do PSOL e muitas mais azuis do PMDB e vermelhas do PT. A via ficou praticamente interditada naquele ponto minutos antes do debate: a ponto de motoristas de carro e ônibus reclamarem.

No auditório da Fetems, aplausos e vaias foram o tom de boa parte das manifestações da plateia. “Nós somos todos da educação”, brincou André, em determinado momento em que foi vaiado por alguns expectadores. A Fetems possui certa tradicional conjunção com movimento petista.

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Bandeiraço de candidatos atrapalha o trânsito na Rua 26 de Agosto
Foto: Deurico/Capital News

Primeiras palavras: apresentação de dez minutos para cada um

Começa o debate com a apresentação em dez minutos para cada candidato. Quanto no campo das propostas, Zeca disse que pretende pautar sua gestão na área de Educação, se eleito for, em sete compromissos, resumidamente: afirma que se vencer a eleição “imediatamente” assinando a posse pede para retirar a ação direta de inconstitucionalidade (Adin) impetrada pelo governador contra o piso salarial do professor por 20 horas de trabalho – fato repetido por outros governadores; renegociação com a categoria dos educadores para implementar o piso; “democratizar a gestão”; tornar a escola “espaço motivador”; contratar professores via concursos; promover “critério republicano para contratar professores; e devolver autonomia financeira à Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems).

Nei falou menos que 10 minutos a que tinha direito. Mostrou-se como “a opção diferente”. Disse que não deveria ser concebido que três pessoas somente se “despontem para disputar o governo do Estado”. Para ele, este fato também é um problema ligado à Educação. “Os 29 partidos do Estado tem obrigação de apontar candidato. (...) Temos aqui dois candidatos, um que foi e outro que é governador – iguais – e um ‘intruso’, que sou eu.”

Formulou sua apresentação inicial embasado em três premissas, que diz ser do PSOL Nacional. A primeira, combate à corrupção. “Há relação entre corrupção no Estado e enriquecimento ilícito de algumas figuras.” Outra é o investimento na Educação. “Professor sedimenta valores e dá conhecimento. Precisa de salário digno, de condições de trabalho e de estrutura.” E a última, investimento em Segurança Pública, fato que também passa pela educação, acredita: “Investir em Educação é investir em um ser humano melhor e, aí, a sociedade fica melhor.”

André começou falando em ter assumido com dívidas que recebeu do governo passado. Havia dívida que o fez pagar R$ 1,8 milhão mensais por seis meses, segundo ele.
Levou textos publicados na imprensa nacional – jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, segundo ele – com falas de Zeca afirmando que o Estado tinha em 2006 a 6ª posição entre as unidades da federação no que se refere a boa educação. Dados atuais mostram, segundo ele, que o Estado é o terceiro. Comentário rebatido, mais à frente, por Zeca, que disse ter tirado da 16ª posição e passado para a 6ª.

O candidato à reeleição falou também no pagamento ao décimo terceiro salário deixado atrasado pelo antecessor.

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Evento atraiu educadores de todos os municípios à sede da Fetems, na Capital
Foto: Deurico/Capital News

Cenário

O presidente da Fetems, Jaime Teixeira foi o moderador do debate e permanecia em pé ao lado direito do palco. Zeca, Nei e André sentados nesta ordem, a partir dele.
Os embates ficaram ora polarizados entre André e Zeca.

Atrasos de pagamento, dívidas deixadas pelo governo peemedebista antecessor ao de Zeca e o deixado por sua gestão, e investimentos durante os governos André e Zeca foram alguns dos temas apontados por ambos e, por vezes, por Nei, no momento em que os candidatos eram perguntados por delegados de instituições ligadas ao ensino ou em que um indagava os outros.

Pretende à reeleição, André comparou números. Levou documentos que, segundo ele, comprovam suas falas: de que investiu mais que o governo Federal na área de Educação e de que investiu mais também que a administração que o antecedeu.

Segundo ele, foram escolas construídas, quadras de esportes cobertas, e feitas reformas e ampliações de unidades de ensino, com recursos de cerca R$ 42 milhões do Estado contra R$ 39 milhões do governo Federal.

Embate

Em determinado momento, Zeca disse que a então secretária de Estado de Educação Nilene Badeca seria “mera executora de plantão”. Em outra oportunidade, André fez “desagravo”, segundo ele, afirmando que ela é competente: “A terceira melhor do País.”

Já em outra ocasião, Zeca além de se comprometer em retirar a Adin do Supremo Tribunal Federal (STF) – “Quero retirá-la e vou rasgá-la” – afirmou que reforçará o Fundo de Incentivo à Cultura (FIC) e o Fundo de Investimento Social (FIE). “Fizemos três complexos de cultura, esporte e lazer [Jacques da Luz (nas Moreninhas), Vida Nova (no bairro de mesmo nome) e Ayrton Senna (no Aero Rancho)]. Tinha balé, dança, música, até hidroginástica. O governador atual passou para a Prefeitura, dizendo que era ‘carne de pescoço’.” André rebateu que o FIC e FIE continuam em seu mandato.

Perguntas entre eles

O debate foi em quatro quadros: explanação com dez minutos; perguntas de educadores delegados (por sorteio); perguntas de candidato para candidatos; pergunta única da Fetems para todos os candidatos.

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Nei Braga diz que somente PSOL é alternativa
Foto: Deurico/Capital News

Nei para André

No terceiro bloco, por ordem de sorteio, Nei Braga foi o primeiro a perguntar aos adversários. Escolheu André para a primeira resposta.

Indagou André sobre o que ele pensava de saber que a “parte mais importante dos recursos da Educação” do governo dele “serem liberadas pelo governo Federal”.
Em sua resposta, André mostrou números. Afirmou ter investido R$ 42,2 milhões com recursos próprios na área, enquanto recebeu R$ 39,1 de verba da União. “Que mal tem nossa equipe que conseguiu trazer recursos federais?”

Na réplica, Nei afirmou ter feito a pergunta propositadamente. “Jogo de palavra nos engana. Fica um falando que é dele, outro falando que é dele. O recurso é do meu imposto é do seu imposto. A legislação manda destinar. Esse dinheiro não é deles, é nosso. É você [aponta a plateia] que é o patrão.”

Na tréplica, André repetiu a frase: “Que mal tem nossa equipe que conseguiu trazer recursos federais?”

Nei para Zeca

Nei relembrou que Zeca deixou o governo com atraso no pagamento de salário. Falou que servidores precisavam fazer filas para pegar empréstimo para recolher o salário junto ao Banco do Brasil – que dispõe da folha de pagamento do funcionário público estadual. Perguntou se, caso eleito fosse novamente, “os professores voltariam para as filas dos bancos?”

“Tivemos que recorrer a empréstimos. Imagina como negligenciava o governo do PMDB [referiu-se a seus antecessores]. Em 2007, o governo, segundo documento enviado à Assembleia, fechou com R$ 700 milhões aplicados no mercado financeiro”, comentou Zeca.

“Quando esteve antes no meu gabinete [André], estamos deixando dezembro, você paga até dia 10 [de janeiro] com a arrecadação do ICMS. Ele disse ‘tudo bem’. Agora, o discurso é outro”, continuou.

Na réplica, Nei falou que o PSOL vai priorizar a Educação.

Na tréplica, Zeca falou que pegou o Estado arrecadando R$ 45 milhões mensais com ICMS. “O resto ia ‘pro’ ralo.” E deixou com R$ 285 milhões para seu sucessor.

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André mostra documentos que, segundo ele, comprovam que o governo do Estado investiu no setor de Educação mais que o governo Federal  e que a gestão de Zeca
Foto: Deurico/Capital News

André para Zeca

Próximo na fala, André comentou sobre o Projeto “Além das Palavras”. Perguntou a Zeca o que ele “achava” da proposta.

“Te confesso que não conheço. Com muita humildade, com muito respeito”, respondeu. Zeca disse ainda ter andado por todo o Estado e jamais ter ouvido falar no programa.
André replicou dizendo opinar ser “lamentável” que um ex-governador trate um programa “com chacota e diga não saber das coisas”.

Segundo o governador, são 214 escolas envolvidas em todo o Estado. “É uma ferramenta de cesta de livros que acrescentou aos alunos Ideb 0,4”.

“Essa é a famosa pegadinha”, respondeu Zeca na tréplica. “Nem a secretária dele sabe. Ele faz tudo, decide até a diária do piloto que pilota o avião. É uma máquina”, pontou.

André para Nei

André perguntou então a Nei, seguindo o roteiro. “O que você pensa sobre governo que entrega uniforme. Continuaria?”

Nei afirmou que sim. “Não vamos inventar a roda. Vamos ver os programas que deram certo.”

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Zeca diz que herdou Estado falido de governos do PMDB
Foto: Deurico/Capital News

Zeca para André

Chega a vez das indagações de Zeca. “Seo André! Você gosta de falar em valorização. (...) Por que você entrou com Adin contra o piso?”

“Seo Zeca do PT! O senhor está desinformado”, retrucou André. “A Adin proposta é só contra a hora atividade. Porque a Lei de Diretrizes e Bases diz que poderá ser de 20% a 25% e aqui aplicamos isso. Fomos o primeiro estado a aplicar o piso nacional para 40 horas de trabalho.”

Zeca replicou repetindo que irá tirar a Adin.

André, na tréplica, comentou novamente o fato de ter elevado o Estado ao terceiro posto no ranking da melhor educação.

Zeca para Nei

Zeca perguntou ao candidato do PSOL, Nei Braga, se ele continuaria com os programas sociais.

Nei disse que irá “mantê-los e barateá-los”, mas, alertou que é preciso que os programas tenham um prazo para que as pessoas não fiquem dependentes dele.

Zeca replicou dizendo que pesquisa sobre o impacto dos programas em 2006 foram “muito bonitos”.

“Eles [programas] têm que ter validade. Senão, fica uma coisa 1eu te mantenho, você me mantém [no Poder]”, comenta Nei. Para ele, quem recebe, ou “morre de vergonha, ou se vicia”.

A Fetems, ao fim do debate, entregou documento com reivindicações aos candidatos.

Confira o áudio completo do debate entre os três candidatos ao governo do Estado em 2010 (André Puccinelli – PMDB, José Orcírio Miranda dos Santos – PT e Nei Braga – PSOL)

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Por: Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)

 

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