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Rural Domingo, 19 de Agosto de 2012, 07:23 - A | A

Domingo, 19 de Agosto de 2012, 07h:23 - A | A

Aquisição de touros precisa de critérios técnicos e genéticos, diz pesquisador da Embrapa

Da Redação (KS)

É inegável a observação de que a pecuária brasileira não passa pelo seu melhor momento, preços baixos na remuneração da arroba do boi, exportações em baixa por conta de crise financeiras e o processo de concentração na indústria frigorífica, só para citar alguns temas que povoam o setor. Entretanto, o trabalho não estaciona e é chegada a estação de monta, momento ímpar no planejamento de rebanho e a preparação das fêmeas e a escolha correta e bem avaliada dos touros nunca se fez tão necessária.

Touro só com avaliação genética. Talvez seja o slogan de uma grande selecionadora de reprodutores e que agora não veio na lembrança. Porém, a afirmação tem um contexto muito forte na pecuária e para o pecuarista. Hoje não é admissível a aquisição de reprodutores sem avaliação genética. “É um contrassenso e um risco enorme para o produtor. Para avaliação e compra de um reprodutor, diversas características externas podem ser consideradas, mas a avaliação, com bom desempenho, porque a avaliação pode mostrar um animal de baixo rendimento, é necessária. E para a ação existem diversos programas de avaliação genética”, disse Antônio Rosa do Nascimento, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa em Gado de Corte da Embrapa.

A ação na seleção de reprodutores faz com que a pressão pelas melhores características ou aquelas mais desejadas, seja cada vez mais forte e, com isso, o produtor rural pode escolher um reprodutor melhorador de acordo com as necessidades de seu rebanho ou ainda em concordância com o seu projeto pecuário. “Temos que analisar a questão como aquela que talvez seja a mais importante na atividade. Comprar um touro sem qualquer avaliação e um touro avaliado, testado e com garantias, custa a mesma coisa. Por outro lado, podemos ter dentro do contexto da melhoria de rebanhos, fatores como precocidade, rendimento de carcaça, característica materna, acabamento de carcaça e muitas outras característica desejáveis”, disse Argeu Silveira, médico veterinário do Grupo Genética Aditiva.

Para Orivaldo Melo, da Agropecuária Omel, muitos erros eram cometidos no passado por conta da falta de avaliação e há quem ainda se arrisque em adquirir touros sem comprovações. “Durante muito tempo comprou-se touros avaliando-se apenas suas características externas e sua aparência, com a idéia de que aquele touro acasalado com uma boa matriz produziria animais de qualidade de carcaça e peso. Quando nascia a primeira cria desse acasalamento o pecuarista não tinha o resultado esperado”, disse, lembrando que este tipo de experiência não é mais necessário e pode representar custos elevados para a produção.

“Só começamos a falar em genética depois de se fazer o básico, desde o manejo adequado, depois vamos para os ganhos aditivos”, afirmou Antônio Rosa, dando dicas para a escolha dos reprodutores. “A escolha de reprodutores depende de questões de custo e benefício, há muitas opções em plantéis. O importante é adquirir animais de genética superior, com fertilidade comprovada e andrológico testado. Deve-se lembrar sempre que quanto mais avaliado, maior a avaliação, a tradição de seleção em reprodutores, melhor será o resultado”, disse.

O pesquisador explicou ainda que a escolha de reprodutores é um dos investimentos mais importantes dentro de qualquer propriedade. “Temos os leilões com animais de grande expressão e qualidade, há também a compra direta na fazenda, às vezes mais acessível, sempre focando em animais de fertilidade comprovada e avaliações. Em qualquer raça, uma vez que se segue o padrão de avaliação da mesma, se elimina características desqualificantes, mas que o produtor precisa avaliar, ligadas ao biótipo e funcionalidade, que dependem de avaliação visual. Lembrando de itens como o umbigo, bolsa escrotal, testículos simétricos, prepúcio, aprumos, pigmentação, entre outros fatores que o pecuarista precisa se atentar, ou ainda buscar o trabalho de uma assessoria”.

Dentro do contexto citado por Rosa, em adquirir touros avaliados, podemos citar dezenas de empresas que selecionam os animais e vendem tanto em suas fazendas, quanto pela televisão, dando disponibilidade por todo País. “Hoje podemos afirmar que temos conseguido mostrar, argumentar e oferecer aos pecuaristas brasileiros como é realizado o trabalho de seleção, os seus efeitos, resultados e benefícios. Não há falta de informação neste sentido, basta o pecuarista procurar opções que atendam a necessidade do rebanho e que seja possível aportar”, disse Argeu Silveira.

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