Escutas telefônicas gravadas pela Polícia Federal para a Operação Fratelli revelaram a voz do deputado sul-mato-grossense Vander Loubet (PT) pedindo ajuda ao empreiteiro Olívio Scamatti, preso pela Operação que contou com a ajuda do Ministério Público.
“Vê se você resolve, eu tô no desespero", disse o deputado ao empreiteiro que foi preso sob acusação de chefiar organização criminosa que fraudou licitações em 78 municípios do interior de São Paulo com recursos de emendas parlamentares.
Segundo o jornal O Estado de São Paulo, a frequência e o conteúdo das conversas fazem com que a PF e a Procuradoria avaliem que, dos detentores de foro privilegiado citados na investigação, o caso de Loubet é o mais grave.
Ainda de acordo com o jornal, as investigações apontam que as falas de Vander envolvem um governador. “(o governador) Chega hoje à noite e tá querendo conversar amanhã de manhã com nós, se você puder vir e, mais do que isso, o nosso amigo lá do Rio vai vir aqui também, vai almoçar comigo e se você estiver aqui pra tentar matar aquele negócio, que eu tô precisando resolver com ele aquilo, sabe, o diretor lá. Eu queria dar uma prensa naquele negócio lá, sabe?", aponta a escuta.
O contato entre o deputado e Scamatti foi interceptado pela PF no dia 12 de março, às 12h51. Ao fazer o apelo a Scamatti, o petista Loubet diz: "Eu sei a situação, eu não sou de ligar, mas eu tô desesperado, rapaz, sabe o negócio lá... já venho empurrando, empurrando". O empreiteiro responde secamente: "Pode deixar".
Em ligação de 19 de fevereiro, às 12h17, o deputado e Scamatti falam sobre "liberação do transporte de asfalto". O petista diz que "vai estar amanhã com o ?cara?" e pergunta ao dono da Demop se "tem alguma coisa que ele (Scamatti) queira que veja com ?ele?". Cauteloso, Loubet não cita nomes. O empreiteiro responde que "precisa ver aquele negócio do processo lá que não anda, está travado com o pessoal dele". O petista diz "pra deixar que vai dar uma chorada pra ele amanhã", afirma o jornal.
O outro lado
Em nota de esclarecimento à imprensa, o deputado lista quatro pontos em sua defesa. O primeiro é que ele conhece o empreiteiro , mas que não possui nenhum tipo de relação política ou comercial com ele.
Segundo argumento foi que, como citado pelo Estadão na edição de 19 de abril, o deputado nunca esteve sob monitoramento ou investigação pela operação da Polícia Federal.
Até o momento Vander também alega não ter recebido nenhuma notificação oficial sobre o caso, que corre em segredo de justiça, “razão pela qual não tenho acesso aos autos”, diz o deputado.
E por último o petista afirma que ao tomar conhecimento do teor da investigação irá prestar os devidos esclarecimentos.