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Reportagem Especial Sábado, 06 de Fevereiro de 2010, 10:51 - A | A

Sábado, 06 de Fevereiro de 2010, 10h:51 - A | A

Comerciantes da antiga rodoviária da Capital dizem sofrer com abandono do Poder Público

Ana Maria - Capital News

Os comerciantes da antiga rodoviária, que antes integravam cerca de 90 unidades de comércio, em entrevista ao Capital News, elogiaram a infraestrutura e aparência do novo terminal. Eles concordam com a mudança, mas, em contrapartida, dizem que não esperavam que o Poder Público os deixassem sem nenhuma perspectiva para seus estabelecimentos instalados na rodoviária antiga, que dependiam da circulação das pessoas por causa do movimento dos ônibus.

Enquanto o prefeito e o governador comemoraram com champagne a inauguração da rodoviária nova, localizada na saída para São Paulo, os comerciantes já conviviam com o desespero e com a baixa-estima, da qual fala o síndico e administrador Antonio de Oliveira Souza. “Há anos que os comerciantes convivem com a ameaça da saída da rodoviária do local, o que provoca uma insegurança e baixa-estima nesses negociantes. Vários órgãos que tinham aqui saíram por conta dessa dúvida. No ano passado, isso se tornou realidade, mas o que queríamos era uma medida rápida para solucionar o destino desses comércios”, afirma Antonio.

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Síndico Administrador da área particcular da antiga rodoviária, Antonio de Oliveira Souza
Foto: Deurico/Capital News

Com o fim de janeiro também veio o fim da paz de Maria Cristina Achucarro, uma das comerciantes locatárias da antiga rodoviária. “Todos nós sabíamos que seria construída uma nova rodoviária, mas não esperávamos que o Poder Público se esquecesse de nós. Ainda esperamos que eles tomem alguma medida. Só imploramos para que seja tomada com urgência, pois esse é nosso ganha pão.”

Maria criticou também a abordagem da imprensa a respeito do assunto. “A mídia vem e diz que há violência por aqui, o que afasta ainda mais as pessoas e reforça nosso isolamento. A violência que existe agora, e é verdadeira, é o descaso do poder público, o abandono desses comerciantes que estão aqui há mais de 20 anos e só querem trabalhar”, afirmou, completando com a informação de que ela e seus poucos colegas que ainda não fecharam as portas arcam com prejuízos ocasionados pela falta de movimento. Ela diz que todos não confiam que a Prefeitura vá tomar uma providência.

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Maria Cristina Achucarro pede urgência para resolver o caso
Foto: Deurico/Capital News

Ao ver nossa equipe de reportagem, Emanuel Pereira nos abordou aos gritos. “Vieram fazer reportagem para quê? Para dizer que estamos atrapalhando? Que estamos em meio à violência? Tem que ser dito que estamos aqui abandonados como porcos dentro de um chiqueiro”, se referindo aos tampões de madeira que a Prefeitura colocou para isolar o espaço que não é de propriedade privada, e que acabou por tapar a visão dos comerciantes que têm instalações em pontos que dão de frente para a Rua.

Para Emanuel, que é proprietário do ponto em que trabalha há 30 anos, a Prefeitura cometeu um erro: “Eles deveriam ter resolvido o que fazer com essa rodoviária primeiro, antes de fazer a mudança para a nova.” Ele afirma que enquanto a Prefeitura pensa, ele e os outros comerciantes sofrem os prejuízos.

“O prefeito e o governador são autoridades mas também têm suas famílias. Acredito que eles vão olhar por nós. Minha sobrinha trabalha comigo e sem movimento ficamos olhando uma pra cara da outra sem saber o que fazer”, diz Maria Cristina. O síndico Antonio afirmou que na quinta (5) o vice-prefeito Edil Albuquerque (PMDB) – que foi designado pelo prefeito Nelson Trad Filho (PMDB) para resolver o assunto –, ligou e afirmou que o Camelódromo não mudará para o local como haviam pensado (veja notícias relacionadas), e que ele está com projetos, mas ainda nada resolvido. Antonio diz que está até cansado de falar: “Não é de hoje que venho lutando para que seja tratado com mais urgência esse caso. As pessoas estão fechando as portas e outras estão esperando, a cada dia mais gente fecha. De segunda até agora mais 13 comércios fecharam.”

Soluções

Os comerciantes citam diversas possibilidades para reativar o local e reviver o comércio. A primeira opção, e que já foi descartada pela Prefeitura, era a mudança do Camelódromo para o local. Conforme o administrador daquele estabelecimento, Vicente Reinaldo Peixoto, “isso traria muitos prejuízos para os comércios do camelódromo” que já estão instalados e têm outros projetos de melhoria.

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Vicente Reinaldo Peixoto, administrador do Camelódromo
Foto: Deurico/Capital News

O síndico da rodoviária, Antonio Souza, afirma que já teve várias reuniões com a Prefeitura e ouviu diversas ideias, como o funcionamento de órgãos públicos, atendimento ao cidadão e cursos. Ele disse que já propôs até uma solução que a Agência Municipal de Transporte (Agetran) poderia colaborar, fazendo com que os ônibus coletivos passassem por ali. O síndico disse ainda que seria uma outra boa alternativa se alguns dos ônibus de turismo que circulam agora na nova rodoviária passassem pela “antiga”, já que a Laburu é um ponto central da cidade.

Nesse sentido, o funcionário da agência de passagens Sagitários Turismo, Atanaíde Tanaka, concorda com o síndico: “Trabalho na agência aqui na frente da rodoviária. Nós estamos sonhando com alguma solução.”

Violência

Os comerciantes que restaram na antiga rodoviária criticaram veementemente o comportamento da mídia em torno do assunto. Eles disseram que violência naquele local sempre teve, e que agora ela até passou a diminuir porque não há mais a rodoviária funcionando 24 horas por dia. Antonio Souza disse que “esses marginais são oriundos de rodoviárias, pois elas funcionam dia e noite e costumam abrigar essas pessoas, logo eles migrarão para a nova rodoviária”.

Ao caminhar entre as lojas ao entorno da Heitor Laburu que ainda não fecharam as portas é possível sentir um clima de harmonia e tranquilidade, o qual é citado por vários comerciantes que dizem que ali construíram uma família. No local também é possível presenciar o vazio, sem a movimentação de uma dias atrás, quando os ônibus ainda circulavam na estação.

Mas, do outro lado da antiga rodoviária, que recebe alguns veículos do transporte coletivo da Capital, é comum encontrar jovens consumindo crack ao ar livre e sem nenhum receio, como a equipe de reportagem do Capital News presenciou. O estado de abandono do lugar atrai pessoas que comercializam ou usam drogas ilícitas.

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Jovem percebe presença do Capital News, atravessa a rua para despistar, mas continua alimentando o vício na calçada de frente para a antiga rodoviária
Foto: Deurico/Capital News

Para o funcionário da agência de passagens, Tanaka, há exagero no comportamento de algumas reportagens: “Disseram que as pessoas ficam dando voltas no quarteirão para ter coragem de entrar aqui, e isso não acontece. A polícia faz ronda o tempo todo.” Mas, a equipe do Capital News presenciou algumas pessoas consumindo crack.

Lá na Heitor Laburu, funciona um posto do 1º Batalhão. Segundo o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública Jacini, são 16 policiais e uma viatura por dia revezando em plantões.

No dia 27 de janeiro, o secretário disse: “Vamos atender as necessidades dos comerciantes da atual rodoviária e manter o posto”, garantiu, na época.

O diretor do Heitor Laburu, Carlos Alberto Luiz Laburu foi no dia 27 à sede da Sejusp conversar com o secretário a respeito da segurança do local, entre outros assuntos. Ele disse ao Capital News naquela data que espera que a segurança prossiga no lugar.

O Capital News tentou entrar em contato com o vice-prefeito Edil Albuquerque, responsável pelos encaminhamentos relacionados à antiga rodoviária, mas não conseguiu. Porém, em outras oportunidades, ele disse à imprensa que o local faz parte do plano de revitalização do Centro e deve ser revigorado.

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Por: Ana Maria Assis - (www.capitalnews.com.br)

 

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Sidney 16/02/2010

Um dia isto iria acontecer, deveriam ter se preparado!!!

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