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Polícia Quarta-feira, 04 de Março de 2009, 11:58 - A | A

Quarta-feira, 04 de Março de 2009, 11h:58 - A | A

Procurador matou sobrinho por \"motivo fútil\"

Lucia Morel - Capital News

O procurador de justiça Carlos alberto Zeolla já foi confirmado como autor dos disparos que mataram o seu sobrinho, Cláudio Alexander Zeolla, de 24 anos. O testemunho de um adolescente de 17 anos que trabalhava com o procurador como serviços gerais e ainda servia de motorista, foi decisivo para esclarecer o caso, que ao que tuod indica, foi motivado por vingança, uma vez que Cláudio haveria agredido o avô, pai do procurador, que hoje tem 80 anos. A possibilidade de crime passional também foi levantada pela pólícia, mas sobre essa linha de investigação a polícia não deu detalhes. Outras 13 testemunhas e a perícia feita no carro de Zeolla, onde foi constada vestígios de sangue da vítima também apontaram o procurador como autor dos disparos.

Separado da esposa há algum tempo, o procurador morava em companhia de três outros sobrinhos e ainda do adolescente que trabalhava para ele. Com seu testemunho, o adolescente não foi envolvido como co-autor do crime, já que sua relação com o procurador, que também será indiciado por exploração do trabalho infantil, era se servidão, ou seja, era apenas um subalterno e cumpria ordens do procurador.

O adolescente contou à polícia que Zeolla acordou por volta das 6 horas da manhã de ontem, tomou café da manhã e às 7 horas pediu para que o rapaz o levasse ao Horto Florestal onde fez uma caminhada. No retorno, disse ao jovem para que parasse o carro na Rua Bahia, próximo da academia onde o sobrinho foi morto. Carlos Alberto Zeolla estava no banco de trás do carro, quando o sobrinho chegou de bicicleta na academia. Assi que o viu o procurador desceu do carro e rapidamente se aproximou de Cláudio, atirando na nuca do rapaz. Em seguida, entrou no carro e mandou o motorista-adolescente correr, falando: “dirige não do jeito que eu te ensinei, mas do jeito que você sabe”, pedindo para o rapaz acelerar.

O adolescente contou que dirigiu até a saída para Três Lagoas e viu quando a arma foi jogada próxima do trilho do trem. O revólver calibre 38, usado para matar Cláudio Zeolla, ainda não foi encontrado.

A prisão em flagrante aconteceu por volta das 19 horas de ontem, depois do depoimento do adolescente, a sexta pessoa a ser ouvida na delegacia. Ainda com as evidências e mesmo depois de uma camiseta branca e uma bermuda cinza terem sido encontradas com vestígios de sangue e em um balde com alvejante na casa de Zeolla, o procurador nega que tenha matado o sobrinho.

Segundo os delegados, o procurador matou o sobrinho por vingança. Cláudio Zeolla mora com os avós desde a morte da mãe e não tinha contato com o pai. Na terça-feira (3) o rapaz teria agredido o avô, que está internado no hospital. O homem ainda não prestou depoimento. Ainda conforme informações policiais, a relação entre tio e sobrinho era boa, já que Carlos Alberto Zeolla ajudou na criação de Cláudio, mas não se conformou com a agressão.

Carlos Alberto Zeolla está detido em uma cela do Grupo Armado de Repressão a Roubos, Assaltos e Sequestros (Garras), uma medida de segurança por conta da função exercida por ele. O procurador ainda pode ser transferido, conforme avaliação da Procuradoria Geral de Justiça. Segundo os delegados, o inquérito deve ser finalizado em dez dias e depois desse prazo Zeolla pode se pronunciar. Ele foi indiciado por homicídio doloso por motivo fútil.

O crime

Cláudio Alexander Zeolla foi morto com um tiro na nuca quando chegava na academia, na Rua Bahia, esquina com ruas São Paulo e Pernambuco na manhã de ontem. O rapaz chegou a ser socorrido em estado grave, mas morreu no fim da manhã na Santa Casa de Campo Grande. O nome do procurador já havia sido divulgado ontem, mas a Polícia Civil não confirmava se ele seria ou não suspeito. A prisão só foi anunciada por meio de nota oficial, às 22h30.

Em entrevista essa manhã, os delegados Fabiano Gastaldi, Roseman Rodrigues de Paula e Regina Márcia Rodrigues Mota relataram o que foi dito pelo adolescente e as outras testemunhas.

 

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