A pressão dos Estados Unidos para que o Brasil reduza ou interrompa a importação de combustível da Rússia dominou os encontros desta terça-feira (29) entre senadores brasileiros e parlamentares norte-americanos. A comitiva brasileira, liderada por Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE), ouviu o mesmo pedido de democratas e republicanos: “rever as relações com Moscou”.
Embora a China tenha sido mencionada nas conversas, o foco foi o petróleo russo. Senadores sugeriram a criação de mecanismos que permitam “rastrear a origem do combustível”. A delegação brasileira defendeu “a transparência regulatória existente” e apresentou propostas técnicas, afirmando que o tema será analisado após o recesso.
A missão foi recebida por um grande número de parlamentares norte-americanos, mesmo às vésperas do recesso legislativo. “O engajamento evidencia o reconhecimento da importância estratégica da parceria com o Brasil”, afirmou Nelsinho Trad após o encontro, que contou com os senadores Tim Kaine, Ed Markey, Mark Kelly, Chris Coons, Jeanne Shaheen, Martin Heinrich e Thom Tillis, além da deputada Sydney Kamlager-Dove, do Brazil Caucus.
Nas reuniões, Martin Heinrich criticou as tarifas anunciadas contra o Brasil, dizendo que “não vê benefícios reais para o país” e alertou para os impactos já sentidos pela população americana. Ele citou o café e a madeira como exemplos de produtos cuja ausência eleva preços e agrava “a crise de moradia nos EUA”. Thom Tillis, por sua vez, disse acreditar que “a tarifa de 50% anunciada por Donald Trump possa ser adiada” e lamentou “a ausência de outros republicanos nas discussões”.
A deputada Kamlager-Dove também se posicionou contra a tarifa e sugeriu “maior articulação com outros caucuses”. Ela afirmou que a medida “pode ser revertida judicialmente” e destacou os impactos sobre produtos brasileiros como café e suco de laranja.
Por fim, parlamentares americanos levantaram a possibilidade de sanções secundárias contra países que importam petróleo russo. A comitiva brasileira reiterou “a independência entre os Poderes” e sugeriu “uma legislação conjunta para reforçar a rastreabilidade da origem do petróleo e derivados”.
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