O presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), e integrantes da comitiva parlamentar que embarcam para Washington, nos dias 28 a 30 de julho, participaram de uma reunião virtual com o chanceler Mauro Vieira e a embaixadora do Brasil nos Estados Unidos, Maria Luiza Viotti.
O encontro tratou dos preparativos para a Missão Oficial da Comissão Temporária Externa do Senado Brasileiro, criada em resposta à escalada de tensões comerciais entre os dois países. Também participaram da reunião a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, e o chefe de gabinete do vice-presidente Geraldo Alckmin, Pedro Guerra, além de diplomatas e técnicos de vários ministérios.
A missão tem caráter institucional e suprapartidário, com o objetivo de reforçar o diálogo político e econômico de alto nível com o Congresso dos EUA. A iniciativa não busca negociar tarifas — prerrogativa do Executivo —, mas cumprir o papel constitucional do Senado na defesa dos interesses nacionais, como destacou Nelsinho Trad: “Não temos a prerrogativa de abrir qualquer negociação, mas temos o dever de dialogar.”
Durante a reunião, o chanceler Mauro Vieira informou que o governo brasileiro já tem mantido conversas com o setor privado e autoridades dos EUA. Ele lembrou que os EUA registraram um superávit de US$ 410 milhões na balança comercial com o Brasil nos últimos 15 anos e que a complementariedade entre as economias vem sendo sistematicamente destacada nas tratativas bilaterais.
O embaixador brasileiro em Washington relatou que os primeiros contatos com o governo dos EUA ocorreram antes mesmo do anúncio oficial das tarifas por Donald Trump em abril. Segundo ele, apesar de o Brasil ter sido incluído entre os “15 sujos”, o governo brasileiro sempre argumentou que, com déficit comercial, não deveria ser alvo das restrições — como ocorreu com Austrália e Reino Unido.
Estudos técnicos apresentados à Comissão apontam que as novas tarifas americanas podem afetar setores como agronegócio, metalurgia, energia, indústria de transformação e celulose, com risco para até 1,9 milhão de empregos em estados como São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.
Do lado norte-americano, estados como Califórnia, Flórida, Texas e Nova Jersey também seriam impactados pela interrupção nas cadeias de fornecimento, com risco para exportações de produtos brasileiros como petróleo, ferro, aço, carnes, açúcar, celulose e peças aeronáuticas.
A secretária Tatiana Prazeres e o assessor Pedro Guerra reforçaram o compromisso do governo federal com o diálogo e afirmaram que estão em curso ações articuladas entre o MDIC, Itamaraty, vice-presidência e outros ministérios, além de conversas com o setor privado.
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