O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) instaurou um inquérito civil para investigar o desmatamento ilegal de 129 hectares de vegetação nativa em regeneração da Mata Atlântica, na Fazenda Serena, no município de Miranda. A área, localizada a 203 km de Campo Grande, é considerada de preservação permanente conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Lei nº 11.428/2006.
Segundo relatório técnico do Ibama, que identificou a devastação por meio de imagens de satélite e vistoria em campo, a vegetação removida não poderia ser suprimida, nem com autorização ambiental, devido à sua relevância ecológica. O Imasul confirmou que a propriedade não tinha permissão válida para a atividade e que consta no Cadastro Ambiental Rural (CAR) como "inscrita para análise".
A fiscalização resultou na apreensão de tratores utilizados no desmatamento e na aplicação de multa de R$ 903 mil. Além disso, o Ceimppam, da Universidade Católica Dom Bosco, também confirmou os danos com base em análise de satélite, apontando a perda de 137,71 hectares entre julho de 2019 e novembro de 2020. Desse total, 127,43 hectares foram identificados pelo Ibama e outros 10,28 hectares, posteriormente adicionados.
A 2ª Promotoria de Justiça de Miranda, liderada pela promotora Cinthia Giselle Gonçalves Latorraca, requisitou perícia técnica que comprovou os danos e recomendou a elaboração de um Projeto de Recuperação de Área Degradada (PRADA). "O objetivo é assegurar a reparação ambiental e responsabilização dos envolvidos", afirmou a promotora.
A área desmatada está inserida em um dos biomas mais ricos e ameaçados do mundo. A Mata Atlântica cobre cerca de 6,3 milhões de hectares em MS, incluindo regiões como a Serra da Bodoquena e o entorno do Rio Paraná. "É um patrimônio natural e histórico que precisa ser protegido", destacou Leonardo Tostes Palma, gerente de Unidades de Conservação do Imasul.