É tenso o clima em frente ao frigorífico Marfrig, em Bataguassu, onde a maioria dos 1.300 funcionários está em greve desde a madrugada de ontem. Encarregados e gerentes, cargos de confiança da empresa, tentam, em vão, furar a greve. Já houve atritos com funcionários. Um dos encarregados teria tentado ferir a faca um trabalhador hoje pela manhã. Dirigentes da CUT (Central Única do Trabalhador) e da Federação dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação de Mato Grosso do Sul – FTIA/MS, estão no local, desde o início da manifestação, ajudando a controlar o clima, para que não haja nenhum incidente.
O presidente da FTIA/MS, Vilson Gimenes Gregório disse que o clima de tensão paira no ar em frente ao frigorífico onde os trabalhadores estão concentrados. A diretoria da entidade e do sindicato local estão procurando controlar a situação. De ontem para hoje, segundo ele, aumentou a adesão de funcionários ao movimento de paralisação que é por tempo indeterminado. A estimativa é de que mais de 80% dos trabalhadores aderiram ao movimento.
Os trabalhadores esperam, com esse movimento, avançar nas negociações da nova Convenção Coletiva de Trabalho. A questão salarial foi o principal entrave no fechamento de acordo. Os patrões ofereceram apenas 3% de reajuste, que não cobrem sequer a inflação acumulada nos últimos 12 meses. Além do percentual da inflação, que gira em torno de 6%, os empregados querem um ganho real.
Alexandre da Costa, presidente da CUT em Mato Grosso do Sul, também está no local e lembra que a empresa vem faturando alto com o comércio interno e externo e nunca dividiu parte desse lucro. “Agora, com a sinalização da crise mundial, ela quer que o trabalhador colabore, autorizando redução salarial por conta do índice inflacionário, que sequer seria alcançado com o fechamento da nova convenção. O trabalhador não aceitou e pretende continuar a greve até que o patronal mude de idéia e faça uma proposta justa”,comentou.
Com a paralisação, mais de 2.000 cabeças de gado deixaram de ser abatidas nesses dois dias, informou Raimundo Nonato do Nascimento, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústiras de Alimentação, Panificação, Confeitaria, Laticínios, Frigoríficos, Conservas, Açougues e Matadouros de Bataguassu.(Assessoria)