A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, sancionou na última terça-feira (22) a Lei Municipal nº 7.451, que proíbe o cultivo, comércio, transporte e produção da planta exótica Murraya paniculata, conhecida popularmente como murta ou dama-da-noite, em todo o território da capital sul-mato-grossense. A infração está sujeita a multa de R$ 1 mil, valor que dobra em caso de reincidência.
A medida acompanha o esforço do Governo do Estado para consolidar Mato Grosso do Sul como polo de citricultura. A planta é considerada a principal hospedeira do psilídeo-da-laranjeira, inseto transmissor do greening, a doença mais grave que afeta plantações cítricas. O município se compromete também a fiscalizar e desenvolver um plano de erradicação ou substituição das murtas existentes.
Alerta do setor agrícola
De acordo com o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, a aprovação da nova lei municipal representa uma vitória estratégica para o setor agrícola do Estado.
“Campo Grande é a cidade com maior concentração dessa planta, que ameaça diretamente os investimentos em citricultura. Essa lei sinaliza que o município está alinhado com o plano estadual de tornar Mato Grosso do Sul um polo seguro e competitivo para a produção de cítricos”, afirmou Verruck.
A proposta de proibição foi apresentada pelo vereador Veterinário Francisco, e a nova norma municipal se soma à Lei Estadual nº 6.293/2023, que já havia estabelecido diretrizes semelhantes em nível estadual. Municípios como Três Lagoas e Dois Irmãos do Buriti também já adotaram leis idênticas, enquanto outras cidades estudam a implementação da medida.
A planta e o risco
Conforme explica Karla Nadai, coordenadora de citricultura da Semadesc, o psilídeo-da-laranjeira pode se deslocar por até 20 quilômetros, o que torna a presença da murta um risco mesmo em áreas urbanas afastadas dos pomares.
“Erradicar a murta, mesmo nas cidades, é essencial para impedir a propagação do greening. A praga já dizimou lavouras nos EUA e afeta metade dos pomares de São Paulo”, destacou Karla.
Apesar de ornamental, com folhagem vibrante e aroma agradável, a murta passou de aliada na arborização urbana a vilã da citricultura brasileira. A substituição por espécies não hospedeiras está sendo recomendada em todo o Estado.
Polo citrícola
Mato Grosso do Sul já tem mais de 20 mil hectares plantados com cítricos e deve chegar a 30 mil hectares até o fim de 2025, atraindo grandes investimentos. A iniciativa de erradicar a murta é considerada pioneira no país, ao lado da eliminação de plantas cítricas infectadas, também prevista em lei.
O Estado mantém ainda parceria com o FundeCitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), que atua com acompanhamento técnico direto aos produtores sul-mato-grossenses, visando fortalecer o manejo correto contra o greening e ampliar a produtividade de forma sustentável.