O primeiro brasileiro a ser um astronauta, Marcos Pontes, veio a Campo Grande nesta sexta-feira (26) ministrar uma palestra em que contou suas experiências como representante do Brasil na missão aeroespacial, engenheiro, aviador e um dos apenas quatro embaixadores no mundo da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido).
Segundo Pontes, seu ingresso na carreira foi quando o Brasil entrou no programa da Estação Espacial Internacional (ISS) em 1997, como participante, via Nasa. Pelo acordo, o Brasil teria que produzir no País seis componentes da espaçonave (ISS) e entregá-las ao consórcio dos 16 países participantes. Em troca, teria alguns direitos, entre eles um voo espacial. Para tanto, o Brasil precisava treinar um astronauta.
Abriu-se então a primeira seleção para o primeiro astronauta do País, por meio da Agência Espacial Brasileira. À época, Marcos Pontes morava nos Estados Unidos para concluir seu mestrado e logo após o doutorado. “Resolvi tentar, preenchi a papelada e um dia veio a resposta por fax falando que tinham testes preliminares, exames médicos, físicos, psiquiátricos e uma entrevista. Quando fui escolhido foi uma alegria sem tamanho”, disse o brasileiro que acabou decolando para o espaço em sua primeira missão “no dia 29 de Março de 2006 às 23h30”, relembra rigorosamente o astronauta que diz ser uma experiência indescritível.
Marcos Pontes contou sobre sua ida ao espaço e revelou que “o medo é a emoção mais básica do ser humano e de repetente eu me vi naquela situação de talvez não voltar mais. Então, eu tinha apenas seis horas por dia para descansar durante a missão e aproveitava esse tempo pra escrever cartas para os meus filhos, que eram arquivadas no sistema de comunicação e seriam entregues a eles caso eu não voltasse”, destacou. Ao final de sua experiência, Marcos juntou estas cartas e seus conhecimentos sobre engenharia e aeronáutica para concluir seu primeiro livro “Missão Cumprida”.

O astronauta reuniu em livro as cartas que escreveu a seus filhos no espaço
Foto: Saul Schramm/Jornal O Estado
Ecoestado
Em sua visita pela capital, Marcos aproveitou para divulgar sobre o projeto Ecoestado, em que após propor à Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido) vai ser implantado em Roraima o primeiro Estado que reúna práticas em todas as suas cidades práticas sustentáveis de se viver e gerar riquezas.
“Percebi que em uma cidade ou outra nos países desenvolvidos havia modelos de desenvolvimento sustentável, mas nunca uma cidade por completo tinham essas práticas. Foi então que surgiu a ideia da implantação em cidades do Brasil e escolhemos Roraima, que tem apenas 15 cidades e cerca de 600 mil habitantes e ainda dá tempo de gerar um crescimento sustentável o tornando um estado modelo”, enfatiza Pontes que ainda explica que a implantação desse projeto prevê cinco anos de estudos e treinamentos, a começar em 2013.
A palestra do astronauta aconteceu no Teatro Dom Bosco, às 19h, para o encerramento da 2ª Feira de Tecnologias, Engenharias e Ciências (Fetec-MS) e 1ª edição da Feira de Tecnologias, Ciências e Criatividade (Fetec Júnior), promovido pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e parcerias.