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Agronegócio Domingo, 13 de Julho de 2025, 09:25 - A | A

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Plano Safra

Plano Safra 2025/2026 tem juros recordes e corte de apoio ao setor pelo Governo Lula, avalia Aprosoja

Produtores médios e grandes enfrentarão crédito mais caro e menos recursos para o Seguro Rural

Elaine Oliveira
Capital News

O Plano Safra 2025/2026 ficará marcado como o mais oneroso da história para os produtores rurais, segundo avaliação de entidades do setor. O pacote trouxe as maiores taxas de juros já aplicadas ao crédito agrícola e cortes expressivos nos recursos para equalização de juros e subvenção ao Seguro Rural, item considerado essencial para mitigar os riscos das lavouras.

As taxas de juros para custeio dos produtores do Pronamp (médios produtores) subiram de 8% para 10% ao ano, enquanto os produtores de grande porte pagarão 14%, ante os 12% praticados no ciclo anterior. Já para investimentos, os juros chegam a até 13,5% ao ano para grandes produtores. A escalada ocorre em meio à taxa Selic fixada em 15%, cenário que coloca o Brasil entre os países com crédito rural mais caro do mundo.

Outro ponto de preocupação é o corte de 32% nos recursos do governo para equalização de juros, que passaram de R$ 5,6 bilhões em 2024 para R$ 3,9 bilhões em 2025. Essa verba é usada para reduzir o custo final dos financiamentos agropecuários.

Além disso, o Seguro Rural foi deixado de fora do Plano Safra anunciado. Embora o orçamento de 2025 previsse R$ 1,06 bilhão para subvenção ao seguro, o governo bloqueou 42% dos recursos, o que representa R$ 445 milhões a menos para essa política fundamental. 

Divulgação

Presidente da Aprosoja Brasil, Maurício Buffon

Para o Presidente da Aprosoja Brasil, Maurício Buffon, infelizmente o agricultor está colhendo o que o Governo plantou

“Desastroso”, diz Aprosoja Brasil
O presidente da Aprosoja Brasil, Maurício Buffon, classificou o plano como aquém do que o setor esperava e alertou para o impacto direto nos produtores, especialmente os que estão endividados ou em situação financeira crítica após frustrações de safra.

“Uma das ferramentas que poderia evitar esse processo e socorrer os produtores é o Seguro Rural. No entanto, o governo enxugou 42% desses recursos. É desastroso. Mais à frente, veremos que o governo, ao invés de sanar o problema, estará agravando-o”, afirmou Buffon.

Segundo ele, a redução de recursos para investimento compromete a formação da próxima safra, com impactos que vão além do campo.

“Num primeiro momento, quem paga essa conta é o produtor rural. Mas, com menos investimentos e uma eventual quebra de safra, haverá menor oferta de alimentos e inflação nas gôndolas, o que penaliza também o consumidor final”, completou.

Selic alta e política fiscal em xeque
Buffon atribuiu parte da crise à ausência de uma política fiscal eficiente por parte do governo. A alta da Selic, hoje em 15%, reduz a capacidade de investimento e encarece o crédito subsidiado, principal ferramenta de apoio ao setor.

“Infelizmente, o agricultor está colhendo o que o Governo plantou. Com a falta de uma política fiscal ajustada, chegamos a esse cenário de juros elevados e restrição de recursos”, concluiu. 

Albino Oliveira/Ascom-MDA

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