Especialista destaca causas, riscos da automedicação e formas de prevenir a disfunção erétil
A disfunção erétil, caracterizada pela dificuldade em manter uma ereção durante o ato sexual, continua sendo um problema recorrente entre os homens. Mesmo com os avanços na medicina, o cenário atual ainda apresenta desafios no Brasil.
Uma pesquisa divulgada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em 2024, revela que 52% dos homens brasileiros já enfrentaram dificuldades para manter o pênis ereto. Isso significa que mais da metade da população masculina lida ou já lidou com questões relacionadas à disfunção erétil.
Apesar da alta incidência, existem tratamentos eficazes, que podem ser psicológicos, medicamentosos ou cirúrgicos, conforme o quadro clínico de cada paciente.
Disfunção erétil ainda exige atenção
As causas da disfunção erétil são diversas. Além de fatores mais diretos, como alterações na próstata ou baixa testosterona, a condição pode estar relacionada a questões vasculares, endócrinas, neurológicas e psicológicas.
O diagnóstico geralmente começa com uma conversa entre médico e paciente para identificar possíveis causas, como o uso de medicamentos, estresse ou doenças crônicas. Essa etapa é fundamental para guiar os próximos passos do tratamento.
O exame físico busca identificar alterações ou lesões na região genital. Também podem ser solicitados exames laboratoriais para avaliar os níveis hormonais (como testosterona e prolactina) e indicadores metabólicos, como colesterol e glicose.
Automedicação ainda é comum e perigosa
Cerca de 66% dos homens recorrem a medicamentos por conta própria para tratar o problema. Substâncias como sildenafila (Viagra) e tadalafila são amplamente utilizadas, inclusive por quem não possui orientação médica.
No entanto, mesmo que esses remédios possam ser adquiridos sem receita no Brasil, o uso indiscriminado pode gerar consequências, como alerta o Dr. Paulo Egydio, PhD em urologia.
“Estudos e nossa própria experiência clínica mostram que o uso sem acompanhamento médico pode causar efeitos colaterais, como problemas visuais. O mais grave, porém, é que pode mascarar doenças sérias, como distúrbios cardíacos. Por isso, reforço: o uso deve ser sempre orientado por um especialista”, destaca o médico.
O consumo desses medicamentos vem crescendo principalmente entre os jovens, impulsionado por fatores como ansiedade e estresse.
“No nosso levantamento clínico, identificamos que um em cada cinco homens sem disfunção erétil faz uso recreativo desses remédios, o que pode criar dependência psicológica e atrasar o diagnóstico de condições reais. O medicamento vira um paliativo, e o problema verdadeiro permanece”, completa.
Prevenção e cuidados são essenciais
O receio de falhar na hora H é comum entre os homens. Porém, adotar práticas saudáveis pode ser um primeiro passo importante para prevenir a disfunção erétil, sobretudo após os 40 anos.
“A prevenção vai muito além da prática de exercícios físicos. Manter a pressão arterial, o colesterol e o diabetes sob controle, alimentar-se bem, evitar o tabagismo, reduzir o consumo de álcool e controlar o estresse são atitudes que impactam diretamente a saúde sexual”, orienta Dr. Egydio.
Mesmo quando relacionada ao estilo de vida, a disfunção erétil pode ter causas mais complexas, e por isso o acompanhamento médico é indispensável. “Muitas vezes, a disfunção erétil é o primeiro sinal de doenças vasculares ou metabólicas. E temos observado que muitos homens jovens recorrem precocemente aos medicamentos por ansiedade de desempenho, sem apresentar falhas orgânicas reais”, explica.
De modo geral, a disfunção erétil costuma ter solução com a orientação adequada. Vale ressaltar que este conteúdo tem caráter informativo e não substitui a avaliação médica de um especialista.
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Dr. Paulo Egydio
Urologista | PhD pela Universidade de São Paulo (USP)
Especialista em cirurgia reconstrutiva peniana, com foco no tratamento da Doença de Peyronie e na implantação de próteses penianas em casos desafiadores e complexos. Formado pela USP, onde concluiu residência médica e doutorado, complementou sua formação em centros internacionais de excelência, como a Mayo Clinic e a Cleveland Clinic Foundation.
Ao longo de sua carreira, tem se dedicado ao avanço técnico-científico da urologia reconstrutiva, realizando centenas de procedimentos, incluindo cirurgias ao vivo apresentadas em universidades e congressos internacionais. Já proferiu mais de 100 palestras e participou ativamente como debatedor em eventos científicos de destaque.
É autor e coautor de mais de 50 publicações, entre artigos científicos e capítulos de livros, com contribuições relevantes para a padronização e o refinamento das técnicas cirúrgicas aplicadas à saúde sexual masculina."