A Procuradoria da República levantou que depois da disputa judicial pela Terra Indígena Raposa Serra do Sol, Mato Grosso do Sul é o segundo local do País mais problemático nas questões fundiárias entre produtores e indígenas.
Conforme o antropólogo e presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, os conflitos em torno das terras dos índios guaranis-caiuás, concentrados principalmente no sul do Estado, estão no centro das preocupações da instituição. "Resolvida a questão da Raposa, a maior pendência fundiária do País é a dos guaranis, em Mato Grosso do Sul", afirmou.
O clima tenso, bastante freqüente na região, ganhou ainda mais força com a decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região de transferir no mês passado para São Paulo, o tribunal do júri sobre o assassinato do cacique guarani Marcos Veron, ocorrido em 2003. Inicialmente marcado para ocorrer em Dourados, a corte transferiu o julgamento justificando que em Mato Grosso do Sul há muito preconceito contra os indígenas, o que prejudicaria o julgamento.
Atualmente, tramitam no TRF 87 processos sobre essa questão, incluindo violência contra os índios, ameaças e mortes.
Nos próximos dias, grupos de trabalho da Funai voltarão a percorrer a região, para fazer levantamentos sobre prováveis áreas de terras pertencentes aos índios.
Produtores
A coordenadora da Recove - organização que reúne produtores rurais do sul do Estado -, Roseli Maria Rui, acredita que não é correto afirmar que milhares de proprietários com títulos legais estejam errados. Segundo a coordenadora, essas ações só aumentam a intranqüilidade na região.