A senadora Tereza Cristina (PP-MS) afirmou nesta terça-feira (6) que o Brasil tem a oportunidade de ampliar sua presença no comércio internacional diante da crise tarifária envolvendo os Estados Unidos. “Você pode ganhar em determinados momentos, nas crises. Eu vejo hoje a Europa olhando diferente para o Brasil”, declarou durante o evento Cenário Geopolítico e a Agricultura Tropical, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Segundo a ex-ministra da Agricultura, as incertezas causadas pelas medidas norte-americanas despertaram maior interesse europeu em garantir o fluxo de mercadorias vindas do Mercosul. Para ela, esse novo contexto internacional favorece a conclusão e ratificação do acordo econômico entre Mercosul e União Europeia, fechado em dezembro de 2024 após mais de 20 anos de negociações.
Tereza Cristina também defendeu a aplicação criteriosa da lei da reciprocidade econômica, de sua autoria, criada como reação à legislação europeia contra o desmatamento. “Essa lei foi concebida inicialmente lá em 2023 para o Brasil ter uma blindagem, uma proteção contra a lei antidesmatamento da União Europeia”, explicou.
Ela ponderou que o projeto foi formulado para resguardar o Brasil de possíveis injustiças comerciais, sem comprometer o diálogo com os parceiros internacionais. “Quando você faz uma lei, você não pode fazer uma lei para um bloco ou para um país. Você tem que fazer uma lei para todo o comércio mundial com quem o Brasil tem relações. A lei da reciprocidade foi feita para blindar e proteger o Brasil de qualquer situação injusta”, completou.
A senadora frisou ainda que eventuais retaliações devem ser tratadas como “última opção”, e que o momento exige responsabilidade e cautela por parte do governo e do setor produtivo.
O evento contou com a participação do presidente da CNA, João Martins; do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas; do presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP-PR); e do jornalista William Waack, que mediou os debates.
Entre os temas discutidos, estiveram as dificuldades enfrentadas pelo agronegócio em 2025, como a escassez de crédito no Plano Safra, falta de recursos para o Seguro Rural e entraves logísticos e de armazenagem.
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