Mais tempo dentro de casa e preocupação com sistema imunológico provocou um aumento de refeições mais nutritivas
Já não é novidade que a quarentena mudou os hábitos de muitas pessoas. Dormir melhor, comprar pela internet, priorizar alguns produtos em detrimento de outros, iniciar um novo hobbie, enfim, o que não faltaram nos últimos meses foram iniciativas. No entanto, outro hábito que também mudou foi o consumo de alimentos saudáveis.
Segundo as primeiras análises do Estudo NutriNet Brasil, houve um aumento generalizado na frequência de consumo de frutas, hortaliças e feijão (de 40,2% para 44,6%) durante a pandemia. Os motivos são variados – entre eles, a mudança de rotina, a diminuição do consumo de fast food e o aumento do tempo dentro de casa para cozinhar.
Além desses pontos, é válido destacar também a maior preocupação com a qualidade da alimentação em termos de nutrientes e, consequentemente, a melhora nas defesas imunológicas do organismo. O Estudo NutriNet é realizado pelo Nupens/USP (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo) e já envolveu 10 mil participantes.
Condições sociais e má alimentação
Apesar da evolução positiva, o estudo também revelou que nas regiões Norte e Nordeste foi identificada uma ampliação no consumo de alimentos ultraprocessados entre pessoas que apresentam baixa escolaridade. Tais resultados sugerem que, devido à desigualdade social, as pessoas respondem de forma diferente à forma de alimentação na pandemia.
É preciso reforçar que os alimentos in natura ou minimamente processados são capazes de fortalecer os mecanismos de defesa do organismo, mas o consumo de comidas e alimentos ultraprocessados favorece o surgimento de doenças crônicas.
São parte do grupo dos ultraprocessados: refrigerantes, bolachas, pratos congelados, salgadinhos, bolos prontos e mistura para bolos, cereais matinais, macarrão instantâneo, pães de forma, sorvetes e bebidas com sabor de frutas. Todos esses precisam ser evitados para o bem da saúde, pois danificam as defesas do organismo por serem muito pobres em vitaminas e minerais, nutrientes essenciais para a perfeita resposta imunológica.
Além disso, diversos estudos já comprovaram que alimentos ultraprocessados aumentam o risco de desenvolvimento de condições como obesidade, diabetes e hipertensão, doenças identificadas em quem se enquadra no grupo de risco da Covid-19.
E depois?
De acordo com o Estudo NutriNet Brasil, não é possível afirmar que a evolução dos hábitos saudáveis com a comida será mantida no pós-pandemia, porque, com o retorno às rotinas de trabalho e lazer, é provável que os indivíduos retornem aos hábitos anteriores.
Contudo, existe uma esperança de que as pessoas mantenham o costume de comer mais frutas, verduras, legumes, ingerir alimentos ricos em nutrientes, fibras, ferro, ômega 3 ou ainda continuem a cozinhar mais em casa.