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Economia Terça-feira, 21 de Julho de 2015, 12:04 - A | A

Terça-feira, 21 de Julho de 2015, 12h:04 - A | A

Demissões em massa

Mato Grosso do Sul já contabiliza 16 frigoríficos fechados em dois anos

Em torno de 90% do faturamento do setor no Estado está concentrado em apenas 20% do mercado, aponta Secretaria de Fazenda

Elizângela Lemes
Capital News

Divulgação/Jornal Tribuna Livre

frigorifico marfrig

Marfrig encerrou as atividades em Paranaíba e demitiu 545 trabalhadores

Na segunda-feira (20), a Marfrig Global Foods encerrou as atividades e demitiu 545 trabalhadores na unidade em Paranaíba. Por meio de nota à imprensa, a empresa informou que as atividades foram encerradas devido à falta de bois no mercado, além o valor desvantajoso sobre o animal. Das 39 plantas frigoríficas no Mato Grosso do Sul, 16 já fecharam as portas. Recentemente o frigorífico Minerva encerrou as atividades em Batayporã no dia 1º de julho e demitiu 738 funcionários.

A justificativa dada pelos frigoríficos, tanto o Marfrig como o Minerva é que a falta de matéria-prima e ociosidade da planta culminou no fechamento das empresas no Estado.  O último abate da Marfrig foi realizado na sexta-feira (17) e o encerramento das atividades ocorreu no sábado (18). As empresas Marfrig e Minerva, afirmaram por meio de nota, que pagarão todos os deveres e garantias dos direitos trabalhistas dos colaboradores.

Wagner Guimarães/ALMS

audiência frigorificos

Em torno de 90% do faturamento do setor no Estado está concentrado em apenas 20% do mercado, aponta Secretaria de Fazenda.


No dia 10 de julho, a questão da crise que afeta os frigoríficos foi debatida em audiência pública sobre a indústria da carne no Mato Grosso do Sul, na Assembleia Legislativa. Dentres os pontos abordados na audiência estão a questão do monopólio no setor, apontado como um dos motivos para o fechamento de alguns frigorifícos no Estado. Conforme o site da Assembleia Legislativa, o monopólio dos frigoríficos foi apontado pela Sefaz (Secretaria de Estado da Fazenda). Segundo ela, no setor da carne bovina em Mato Grosso do Sul, praticamente 90% do faturamento está concentrado em apenas 20% do mercado.

O debate foi motivado pela denúncia de formação de um suposto cartel de conglomerados que estariam monopolizando o setor e sendo parte responsável pelos fechamentos dos frigoríficos ao longo de dois anos. De acordo com a Assocarnes-MS (Associação de Matadouros, Frigoríficos e Distribuidores de Carne do Estado de Mato Grosso do Sul), a denúncia de monopólio demonstra um cenário preocupante já que o fechamento desses frigoríficos resulta em milhares de demissões. “Isso causa uma insegurança jurídica muito grande para os trabalhadores. Estão agindo arbitrariamente, comprando e fechando impunemente. É um capitalismo predatório, selvagem e cabe aos órgãos competentes barrar isso”, afirmou José Goulart Quirino, da área jurídica da Assocarnes, durante a audiência pública.

Divulgação

frigorificos

Das 39 plantas frigoríficas no Mato Grosso do Sul, 16 já fecharam as portas


Para a Assocarnes é preciso ações de investimentos em políticas públicas para o setor, para recuperar pequenos e médios frigoríficos que estão sob ameaça de encerrar as atividades.
“Precisamos achar caminhos e soluções para trazer o mercado para o patamar que ele sempre esteve. É preciso que haja condições iguais ao pequeno e ao grande. Essa é a democracia”, afirmou na audiência, o presidente da associação, João Alberto Dias.

Desde o ano passado, Mato Grosso do Sul vem registrando a redução do abate de carne bovina. Em 2013, foram 4.222 milhões de abates e em 2014 o número era de 3.931 milhões. O secretário adjunto do Sefaz, Jader Julianelli, prevê um patamar ainda menor em 2015. O decréscimo, segundo ele, se deve ao momento economicamente instável pelo qual o País atravessa. “O cenário adversos refletiu também no setor que está em processo de desaquecimento”, enfatizou.

Apontado como um dos envolvidos na questão de monopólio do setor, o diretor da empresa JBS em Mato Grosso do Sul, Marcelo Zanata, afirmou que a situação pela qual passa o setor é reflexo do atual momento econômico. “É um problema que abrange o Brasil. A crise é de conhecimento de todos e também estamos sofrendo com ela. Nossos concorrentes também fecharam as portas porque não encontraram condições de sobreviver”, argumentou.

Deurico Ramos/Capital News

frigorifico jbs

A JBS está operando com 30% a menos da capacidade em Mato Grosso do Sul, afirmou a direção da empresa


De acordo com Zanata, a redução do rebanho também tem prejudicado o setor. “Em Mato Grosso do Sul, a JBS está operando com 30% a menos da capacidade. “Das catorze fábricas, fechamos duas. Entramos em um processo de otimização ao verificar que é possível atender a demanda com nove fábricas”, destacou o diretor que definiu audiência como uma excelente oportunidade de traçar novas estratégias para alavancar todos que compõem o setor.

O principal encaminhamento da audiência foi a formação de um grupo e trabalho que vai investigar e buscar soluções para a crise do setor, integrada pela Comissão de Turismo, Indústria e Comércio, Comissão de Agricultura, Pecuária e Políticas Rural, Agrária e Pesqueira da Assembleia, Secretaria de Estado de Fazenda, Secretaria de Estado de Produção e Agricultura Familiar, Assocarnes, pequenos e grandes frigoríficos. A primeira reunião do grupo já foi marcada para o dia 07 agosto, às 09h, no Plenarinho da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.

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