Sábado, 31 de Maio de 2008, 07h:33 -
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Brasil quer ser parceiro comercial número 1 de Cuba
Da Redação
O Brasil expressou ontem sua intenção de se transformar no parceiro comercial número um de Cuba, ratificando sua disposição de fornecer o financiamento que permita que suas empresas participem de alguns setores da ilha, como os de agricultura, alimentos e infra-estrutura.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse no primeiro dia de uma visita à ilha que deve durar dois dias que "nesse momento novo e tão importante vivido por Cuba, o Brasil não quer ser o parceiro número dois ou número três. O Brasil quer ser o parceiro número um de Cuba".
Amorim, que há menos de cinco meses acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma viagem a Havana, se reuniu ontem com o chanceler cubano, Felipe Pérez Roque, com quem assinou um acordo para o que chamou de "implementação do projeto de assistência técnica para a produção de soja em Cuba".
O chanceler brasileiro lembrou que as "excelentes relações" entre os dois países até agora sentiam falta de uma coisa mais concreta, uma situação que, na sua opinião, se reverteu e deu passagem a "uma nova fase" com a visita de Lula, em janeiro.
"Nós temos a convicção de que Cuba está também se abrindo a uma nova fase de seu desenvolvimento, de sua evolução, e o Brasil quer estar ao lado de Cuba nessa nova fase", disse Amorim após se reunir com Pérez Roque.
O chanceler cubano concordou com Amorim ao afirmar que a visita dá "um novo impulso" aos temas sobre os quais os países trabalharam nos últimos meses.
"Temos certeza de que esta visita constitui um momento de importância excepcional nas relações e deixará como esteira, como resultado, sem dúvidas, um novo impulso nas relações entre nossos países", disse Pérez Roque.
Logo no início de ontem, Amorim já tinha mostrado seu otimismo sobre a "nova fase" das relações entre Cuba e Brasil, ao afirmar perante um grupo de empresários "o desejo firme e real" de seu país de fazer parte do "esforço de modernização da economia" levado adiante pela ilha.
Acompanhado por 22 representantes de empresas brasileiras de setores como construção, agricultura e de energia, o chanceler falou sobre desenvolvimento tecnológico, produção de alimentos e a respeito das infra-estruturas necessárias para contribuir para que Cuba dê um "grande salto" nos próximos anos.
Para isso, Brasil e Cuba trabalham na ampliação dos créditos que desde janeiro favorecem o setor agroalimentar, através de um financiamento que já está em torno de US$ 200 milhões.
Amorim explicou aos jornalistas que os dois países trabalham para que "em duas ou três semanas" seja aberto um fundo de US$ 150 milhões para o financiamento de produtos industriais de serviços, maquinaria agrícola e construção de estradas, que poderia chegar a US$ 600 milhões.
O ministro de Comércio Exterior de Cuba, Raúl de la Nuez, lembrou no fórum empresarial que o Brasil é o segundo parceiro comercial do país na América, atrás apenas da Venezuela, que tem fortes relações comerciais com a ilha em petróleo.
Além disso, o Brasil é o principal destino das exportações cubanas na área de biotecnologia e na indústria médico-farmacêutica, que manda 80% das exportações para os brasileiros.
Raúl de la Nuez afirmou que as relações comerciais "se encontram no melhor momento de sua história". Ele lembrou que em 2007 o comércio bilateral foi de US$ 450 milhões e, até abril deste ano, este valor já tinha crescido 58% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Durante a visita de Celso Amorim não foram apresentadas novidades no setor energético, onde as petrolíferas Petrobras e Companhia Cubana de Petróleo (Cupet) têm um acordo para a instalação de uma fábrica de lubrificantes em Havana e há uma oferta para que a companhia brasileira participe do negócio de prospecção em águas profundas cubanas no Golfo do México.
Com a assinatura do acordo entre os chanceleres a presença brasileira no setor agrícola cubano se consolida.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) trabalha em um projeto para o cultivo de cerca de 40 mil hectares de soja, que ainda está em fase de estudo. Isto abriria o setor agrícola cubano para o investimento estrangeiro. (Fonte: EFE)
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