Suzano e Eldorado, duas das maiores produtoras de celulose do país, firmaram um acordo de troca de “madeira em pé” em áreas florestais de Mato Grosso do Sul. O acerto permite que cada empresa utilize, em volumes e prazos definidos, árvores das propriedades da outra para abastecer suas linhas industriais de celulose.
O arranjo — conhecido no setor como “swap” — não envolve venda ou arrendamento de terras. Trata-se de direito de uso da matéria-prima, com controle de volume e destino: toda a madeira retirada deverá ser convertida em celulose, sem comercialização de excedentes em outros mercados.
A parceria surge na esteira da nova fase da Eldorado, agora sob controle integral da J&F, dos irmãos Wesley e Joesley Batista, que desembolsou R$ 15 bilhões para encerrar uma disputa societária de quase oito anos e assumir 100% da companhia em Três Lagoas.
Com o impasse resolvido, a Eldorado prepara uma segunda linha industrial estimada em cerca de US$ 5 bilhões, que pode acrescentar 2,5 milhões de toneladas anuais à capacidade atual (hoje acima de 2 milhões/ano). A sinergia logística e de suprimento de fibra com parceiros regionais ajuda a viabilizar essa expansão.
O ambiente é favorável: dados estaduais indicam que Mato Grosso do Sul já soma 1,5 milhão de hectares de florestas plantadas — 98% de eucalipto — e figura entre os maiores polos brasileiros de base florestal para papel e celulose. A coordenação de estoques entre players tende a dar mais estabilidade à cadeia.