A decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa extra de 50% sobre o suco de laranja brasileiro acendeu um alerta na cadeia produtiva da citricultura nacional. Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a medida compromete diretamente a competitividade do Brasil, maior exportador mundial da commodity, e pode provocar desequilíbrios no fluxo comercial internacional.
A preocupação surge num momento de recuperação da safra paulista de laranja, o principal polo produtivo do país. “Combinada à oferta elevada, essa barreira comercial tende a gerar acúmulo de estoques nas indústrias e, consequentemente, pressão de baixa sobre as cotações no mercado interno”, afirmam os pesquisadores.
Com os Estados Unidos altamente dependentes do fornecimento brasileiro, estima-se também que a tarifa pressione os preços do suco no mercado norte-americano. Já para o setor exportador nacional, o redirecionamento de volumes originalmente destinados aos EUA para os mercados europeu e interno pode intensificar a concorrência e pressionar os preços internacionais.
No curto prazo, o excedente de produto deve gerar desequilíbrios nos estoques e redução das margens de lucro das indústrias. O Cepea alerta que o impacto pode ser sentido ao longo de toda a cadeia citrícola, desde o produtor até o consumidor final.