O anúncio da nova tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras de carne bovina para os Estados Unidos deixou agentes do setor de pecuária de corte em alerta. Conforme apontam pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a notícia reforça o cenário de lentidão nos negócios de bovinos para abate e contribui para o enfraquecimento dos preços da carne e dos animais.
Os Estados Unidos são o segundo maior comprador da carne bovina do Brasil, absorvendo 12% das exportações do setor, atrás apenas da China, que responde por 49%. De acordo com dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), em junho de 2025 o volume exportado para os EUA foi o menor desde dezembro do ano passado, reflexo do esfriamento das negociações.
Ainda assim, o total das exportações brasileiras de carne bovina em junho alcançou quase 270 mil toneladas – o segundo melhor resultado do ano. Segundo o Cepea, parte dessa sustentação veio do aumento das compras chinesas, que cresceram de forma consistente desde fevereiro.
Pesquisadores também observam que, entre março e abril deste ano, empresas norte-americanas adquiriram volumes recordes da proteína brasileira – acima de 40 mil toneladas mensais. A avaliação é que os importadores se anteciparam ao risco de medidas protecionistas, formando estoques antes da entrada em vigor das novas tarifas.
Com o mercado interno desaquecido e as barreiras impostas pelos EUA, o setor segue cauteloso, atento à movimentação da China e às próximas decisões comerciais que podem afetar o desempenho da pecuária nacional nos próximos meses.