Um trabalho inovadora está prestes a reinserir o Estado de Mato Grosso do Sul no cenário da produção de trigo. A Embrapa Agropecuária Oeste, em conjunto com a Cooperalfa, está finalizando os testes de validação de 17 novas variedades de trigo, com o objetivo de impulsionar a produção do cereal no Estado. Além dessas, outras nove variedades desenvolvidas pela Embrapa também estão em avaliação para plantio na região. Com esse esforço, busca-se revitalizar o setor, que já foi um grande polo produtivo nas décadas de 1970 e 1980, cobrindo cerca de 400 mil hectares com plantações de trigo.
Atualmente, a área destinada ao cultivo do trigo no Estado se limita a apenas 30 mil hectares. O pesquisador Claudio Lazzarotto, da Embrapa Agropecuária Oeste, destaca que este é um momento propício para reintroduzir o trigo nas práticas agrícolas de Mato Grosso do Sul. Ele explica que o programa de expansão da área de trigo na região central do Brasil, liderado pela Embrapa Trigo do Rio Grande do Sul, demonstra a viabilidade dessa cultura. Lazzarotto reforça que a ideia não é substituir o milho na safrinha, mas sim diversificar e aprimorar o sistema de produção, trazendo o trigo de volta ao cenário.
O pesquisador salienta que o trigo pode oferecer custos menores e maior rentabilidade. Ele expressa confiança de que Mato Grosso do Sul pode retomar seu papel como um importante polo de produção de trigo no país. "Estamos adaptando as variedades às novas circunstâncias para o cultivo do trigo", afirma. Com as práticas de manejo adequadas e a escolha de locais e épocas de plantio apropriados, a expectativa é alcançar uma produção superior a 60 sacas por hectare, marca que foi atingida nos experimentos da Embrapa Agropecuária Oeste em 2022.
Lazzarotto aponta alguns municípios favoráveis ao cultivo de trigo tropical em Mato Grosso do Sul, como Aral Moreira, Laguna Carapã, Rio Brilhante, Sidrolândia, Maracaju, São Gabriel do Oeste e Dourados. A recomendação é evitar o plantio antes de 20 de abril para prevenir a manifestação da brusone, uma doença que surge sob condições de calor e umidade elevados.
A parceria busca não apenas a revitalização do cultivo de trigo, mas também a segmentação das variedades para atender diferentes setores da indústria. O engenheiro agrônomo Luan Pivatto da Cooperalfa ressalta que todas as variedades são voltadas ao mercado de farinhas especiais, contribuindo para a diversificação da produção.
O engenheiro agrônomo Claudinei Turmina, também da Cooperalfa, realça que a colaboração com a Embrapa garantirá benefícios aos produtores, incluindo liquidez e preço mínimo. Produtores como Juarez Bolsani, que atua no cultivo de trigo há 15 anos, veem resultados positivos, inclusive no cultivo de soja. Bolsani, que faz parte do projeto conjunto, celebra a interação entre trigo e soja, alcançando uma produção de 96,4 sacas de soja por hectare em 2022.
