Mato Grosso do Sul levou ao LIDE Brasil Itália Fórum, em Roma, um dos dados mais expressivos da transição energética brasileira: o Estado opera atualmente com 94% de matriz renovável, índice superior ao nacional, de 85%. O desempenho foi apresentado pelo secretário Jaime Verruck, da Semadesc, durante o Painel 2, que discutiu iniciativas e cooperação bilateral sobre transição energética e minerais estratégicos.
O debate reuniu figuras importantes do setor, como Hélio Costa, Jean Paul Prates, Tommaso Cassata, Riccardo Pozzi e Roberto Giannetti, com moderação de João Doria Neto e Giacomo Guarnera. A Enel foi a anfitriã do painel.
A participação integra missão empresarial organizada pela Fiems. Ainda na segunda-feira, em Roma, o secretário acompanhou o vice-presidente da Federação das Indústrias, Crosara Júnior, em reunião com o presidente da Confindustria, Marco Nocivelli, reforçando a importância do acordo Mercosul–União Europeia e novas oportunidades de internacionalização para a indústria sul-mato-grossense.
Liderança em biomassa e desafios de transmissão
Ao apresentar o panorama estadual, Jaime Verruck destacou que o MS consolidou liderança nacional em energia a partir da biomassa. “As usinas sucroenergéticas e indústrias de celulose respondem por grande parte da energia produzida localmente e aproximadamente metade do total gerado é injetado no Sistema Interligado Nacional”, afirmou.
Segundo ele, o Brasil já tem capacidade de geração superior à demanda, mas ainda enfrenta gargalos de transmissão. “Alguns empreendimentos deixam de se conectar por falta dessa infraestrutura, não por ausência de energia e o governo federal deve realizar novos leilões para ampliar a rede”, pontuou.
Pantanal como modelo de transição justa
Verruck também apresentou o Pantanal sul-mato-grossense como referência de transição justa. Para atender comunidades remotas da planície, o Estado optou por sistemas solares individuais com baterias no lugar de redes convencionais. “Hoje, três mil pontos no Pantanal operam com energia solar instalada em cada residência, reduzindo impactos ambientais e garantindo acesso contínuo”, ressaltou, indicando que o modelo pode ser replicado na Amazônia e no Pará.
Biometano: aposta para descarbonizar o transporte
O secretário destacou ainda que o próximo desafio brasileiro está na descarbonização do diesel. Como o Estado não possui volume de resíduos urbanos suficiente para produção de biometano em aterros, a estratégia está ancorada na bioenergia.
“Mato Grosso do Sul já soma mais de R$ 3 bilhões em projetos de biometano destinados à substituição do diesel no transporte, incluindo o desenvolvimento do Corredor Azul”, explicou. Caminhões Iveco e Scania movidos a biometano já são testados em rotas de proteína animal com destino a São Paulo.
Selo Verde europeu e neutralidade de carbono
Os avanços recentes da agenda climática internacional também foram destacados. Na COP 30, MS aderiu ao sistema europeu de Selo Verde, garantindo rastreabilidade ambiental exigida pelo EUDR para produtos exportados.
Para Verruck, cabe ao poder público gerar confiança e segurança ambiental. Ele reforçou ainda o compromisso do Estado com a meta de carbono neutro. Há dez anos, MS definiu 2030 como prazo para se tornar território carbono neuto e estruturou políticas como pagamento por serviços ambientais, inventário obrigatório de emissões industriais e ampliação das rotas de carne carbono neutro e carne de baixo carbono, validadas pela Embrapa.
“A COP 30 demonstrou que o Brasil possui base científica sólida para comprovar a sustentabilidade de sua produção agropecuária e energética, e Mato Grosso do Sul reafirma que, em 2030, o território estadual será carbono neutro”, finalizou.
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