Com o fim da colheita da segunda safra, os preços dos fretes de grãos caíram em diversas rotas do país durante o mês de agosto. O levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostrou que a redução nos valores ocorreu em estados como Mato Grosso, Goiás, Paraná e Mato Grosso do Sul. Ainda assim, os preços seguem acima do registrado no mesmo período da safra anterior, o que revela um mercado logístico aquecido.
Em Mato Grosso do Sul, a colheita do milho atingiu o pico na primeira quinzena de agosto, exigindo grande volume de transporte interno. Essa alta demanda resultou em escassez de caminhões para longas distâncias, mas o recuo nas exportações de soja acabou equilibrando a oferta de veículos, permitindo queda nos preços de fretes para os portos. “Essa dinâmica criou uma folga em rotas específicas, o que reduziu os custos logísticos para alguns destinos”, explicou a Conab.
Ao mesmo tempo em que a soja perdeu força nas exportações do Estado, os embarques de milho aumentaram de forma significativa. O cenário reflete uma demanda aquecida no mercado interno e a grande oferta da safra de inverno, especialmente em MS. De janeiro a agosto deste ano, o Brasil exportou 17,9 milhões de toneladas de milho, frente a 15,7 milhões no mesmo período de 2024.
“A tendência é de que os preços permaneçam com suporte nos próximos meses, impulsionados por uma oferta elevada e uma demanda mais ritmada, tanto de compradores internos quanto externos”, analisou o superintendente de Logística Operacional da Conab, Thomé Guth. No caso da soja, as exportações nacionais somaram 86,5 milhões de toneladas até agosto, levemente acima das 83,4 milhões do ano anterior.
Outros estados apresentaram comportamentos distintos. No Maranhão, os fretes caíram, enquanto no Piauí o movimento foi mais estável, com redução no escoamento do milho. Na Bahia, os valores subiram em regiões com maior demanda, como Luís Eduardo Magalhães. Já no Distrito Federal, os preços aumentaram em média 10% a 12% nas rotas para Imbituba (SC), Uberaba e Araguari (MG) e Guarujá (SP), em comparação com julho.