Brasil avança na união de tecnologias inteligentes, mas enfrenta desafios em infraestrutura, regulamentação e investimento
A rede de dispositivos conectados proporcionada pela Internet das Coisas (IoT) já é amplamente adotada no Brasil, otimizando diversos setores da economia. No entanto, a integração dessa tecnologia com a inteligência artificial representa um novo patamar na transformação digital das empresas.
Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC) em 2025, 38% das companhias brasileiras que utilizam IoT já contam com soluções de IA, enquanto 43,7% estão desenvolvendo essa integração para os próximos anos.
Com isso, mais de 80% das empresas já adotam ou planejam adotar a combinação dessas tecnologias. No cenário global, essa união é chamada de AIoT, sigla para Artificial Intelligence of Things, e segue em expansão.
Pesquisa detalha o uso de AIoT no país
O levantamento “Panorama do IoT no Brasil 2025”, realizado pela ABINC em parceria com o portal TI Inside, apresenta um panorama detalhado sobre a adoção da tecnologia. Entre as fornecedoras de IoT no país, menos de 20% ainda não incorporaram a IA em seus planos.
De acordo com Rogério Moreira, executivo da ABINC, a inteligência artificial das coisas permite novas possibilidades, sobretudo na análise de dados. No entanto, a adoção exige uma infraestrutura sólida e regulamentações adequadas.
Entre os principais entraves identificados, o custo para implementar essa estrutura é o mais citado, mencionado por 23,9% dos entrevistados. Outros desafios incluem a baixa adesão de clientes e problemas de conectividade, apontados por mais de 20% dos participantes.
Empresas que já utilizam AIoT também destacam o investimento inicial como principal dificuldade, seguido por preocupações com privacidade e segurança. A falta de regulamentação específica foi lembrada por 10% dos respondentes.
Crescimento global estimula cenário nacional
No cenário internacional, a consultoria Precedence Research estima que o mercado global de IoT atinja US$ 77 bilhões em 2025. Com uma taxa de crescimento anual de 18,56%, a expectativa é que as receitas globais alcancem US$ 356 bilhões até 2034.
A integração com IA é um dos principais motores desse crescimento. Outros fatores incluem a expansão da computação em nuvem, o avanço do aprendizado de máquina, o desenvolvimento de cidades inteligentes e a popularização do 5G.
Principais tendências para a IoT em 2025
Além da integração com a inteligência artificial, outras tendências devem ampliar e aprimorar o uso da IoT nos próximos anos. Entre os destaques estão:
Integração de IoT e IA: a combinação torna os sistemas mais autônomos e capazes de responder em tempo real, com base em grandes volumes de dados.
Avanços em análise de dados: sensores inteligentes geram informações que, quando bem analisadas, melhoram o desempenho de processos logísticos, industriais e domésticos.
Cidades inteligentes: a IoT conecta semáforos, iluminação pública e transporte coletivo, promovendo sustentabilidade, segurança e eficiência urbana.
Saúde e telemedicina: dispositivos conectados possibilitam o monitoramento remoto de pacientes, diminuindo internações e viabilizando diagnósticos a distância.
Indústria 4.0 e agronegócio: sensores aplicados no campo e nas fábricas automatizam tarefas, reduzem perdas e aumentam a produtividade com dados em tempo real.
Perspectivas para o Brasil
No Brasil, políticas públicas como a Lei 14.108/2020 e a expansão do 5G favorecem o uso da IoT ao reduzir barreiras fiscais e técnicas para a conectividade entre máquinas. A Anatel também propõe normas mais flexíveis, o que tende a fortalecer ainda mais o setor.
Segundo a ABINC, nenhuma indústria deve ficar de fora dessa transformação digital. Com a integração da IA, a expectativa é de que a IoT promova inovações profundas em áreas como saúde, indústria, mobilidade urbana e agropecuária.
Com base nesse cenário, o Brasil caminha para um uso mais avançado da Internet das Coisas, sobretudo quando combinada à inteligência artificial. A união das tecnologias promete ampliar a automação, elevar a eficiência e fortalecer a competitividade nacional.