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Cotidiano Quinta-feira, 07 de Janeiro de 2010, 17:31 - A | A

Quinta-feira, 07 de Janeiro de 2010, 17h:31 - A | A

Prefeito diz que veta Lei da Pornografia e donos de lojas como sex shop se tranquilizam

Marcelo Eduardo - Capital News

O prefeito Nelson Trad Filho (PMDB) disse que não vai sancionar a lei que estabelece limites para a exibição de produtos considerados eróticos ou pornográficos na Capital. “Vou vetar essa Lei da Pornografia sim. O nome já é inadequado. Ela inibe alguns comércios sendo que no século XXI é normal ‘pra’ todos ver calcinha e cueca. E eu sei que em sã consciência ninguém vai colocar órgãos genitais nas vitrines”, disse, em entrevista concedida na Prefeitura, na quinta-feira, 7.

Conforme o projeto de Lei Complementar nº 247/09, de autoria do presidente da Câmara Municipal, Paulo Siufi (PMDB), e Lídio Lopes (PP), aprovado em 22 de dezembro, última sessão ordinária de 2009, estabelecimentos comerciais que exibem e comercializam produtos e materiais eróticos e pornográficos devem adotar medidas restritivas à visualização dos mesmos, exclusivamente ao público específico.

As afirmações de Nelsinho tranquilizam comerciantes como Josi Braga: “Já é difícil montar nossas vitrines, com essa lei teríamos ainda mais limitações. Usamos símbolos nada ofensivos”, explica.

Josi é gerente da sex shop Afrodite, que fica na rua Padre João Crippa. Ela afirma ao Capital News que acredita ser difícil estabelecer um padrão do que seja vulgar. “E se for uma loja de departamento [com vendas de lingeries], as peças vão estar expostas para crianças verem, por exemplo. Vai fazer o quê? Colocar as peças em um local fechado? Não faz sentido. Existem pontos de vista diferentes sobre o que seja ofensivo.”

Antes, Josi disse que pensa que não concorda com a decisão da Câmara: “Acho um absurdo. Tem isso na TV, na novela. Não vão conseguir tirar isso da novela, então, por que tirar isso das vitrines.”

Ela lembra ainda que não acredita existir material ofensivo em cartazes, outdoors e vitrines produzidos pela loja e também por estabelecimentos concorrentes. “A gente tem que usar a criatividade. No Dia dos Namorados, por exemplo, usamos um par de alianças. Então, não tem nada ofensivo.”

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Josi Braga, gerente de sex shop: "Usamos símbolos nada ofensivos”
Foto: Deurico/Capital News

Na vitrine da Afrodite, existem manequins de mulheres com roupas íntimas. “O que é ofensivo? Depende. Se eu posso colocar uma calcinha para vender, por que não posso colocar uma sinta liga?”

Passando pela calçada, em frente à vitrine, estava uma família (casal, filho e amigos). Eles vieram de Antonio João. Ao chegarem aqui e serem informados da decisão da Câmara, ficaram curiosos e acharam a medida desnecessária. “Não vejo nada demais. Vai do gosto de cada um. São manequins. Não tem foto. São roupas. Não tem nada demais aí, acredito. Se fossem mulheres – de verdade, e não em foto até – aí sim, os homens iam parar para ficar olhando”, disse ao Capital News, o agricultor Lúcio Roberto.

Indagado pela nossa reportagem se existia alguma preocupação de ver o filho exposto às imagens da vitrine, disse que não. “Não, são manequins. São roupas.”

“Se fosse numa banca de revistas, talvez, aí sim, poderia ter alguma coisa. Não vejo nada demais”, disse a mulher de Lúcio, que preferiu não ter o nome divulgado.

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Fachada de loja que vende acessórios eróticos na rua Padre João Crippa; casais são os maiores clientes diz gerente
Foto: Deurico/Capital News

Mais do projeto

Segundo projeto, informa assessoria de imprensa da Câmara, os cinemas ou salas de espetáculos, exibidores de filmes considerados pornográficos, para veiculação publicitária dos referidos filmes, deverão manter área interna e reservada, não sendo permitidas propagandas internas de materiais eróticos e pornográficos quando o mesmo cinema estiver exibindo na mesma sala,em horários alternados, filmes infantis, ou por onde transitem obrigatoriamente crianças ou menores de 18 anos.

“A pornografia sem controle e apresentada a pessoas ainda imaturas, como crianças e adolescentes, reflete em comportamentos sexuais difíceis de serem controlados por pais e educadores, ocasionando a diminuição da idade para o início das atividades sexuais”, disse Siufi ao defender o projeto em dezembro.

Por: Marcelo Eduardo e Ana Maria Assis – (www.capitalnews.com.br)

 

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