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Saúde Quinta-feira, 29 de Novembro de 2007, 15:44 - A | A

Quinta-feira, 29 de Novembro de 2007, 15h:44 - A | A

Testes da Sanesul confirmam contaminação em poços

Redação Capital News (www.capitalnews.com.br)

Testes realizados em vários poços que servem como ponto de referência à Sanesul confirmam a existência de coliformes totais e fecais na água de Dourados. Técnicos da empresa realizaram análises e encaminharam os resultados para o Ministério Público Federal.

De acordo com o engenheiro civil da Sanesul, Auro Rigotti, o problema da contaminação do lençol freático no município se deve a ação descontrolada de postos de gasolina que depositam o óleo em rede de águas pluviais que acabam chegando aos córregos. Outro fator seria a escassez de rede de esgoto que além de Dourados atinge todo o Estado. Segundo ele, apenas 12% das cidades de Mato Grosso do Sul dispõe do sistema.

O engenheiro alerta que o consumo de água dos poços, semi-artesianos ou freáticos, ou o contato direto com a pele pode acarretar em uma série de problemas a saúde humana. "As pessoas estão correndo sérios riscos de contaminação por doenças diversas, principalmente de estômago e pele, caso utilizem a água para o banho sem que ela seja fervida. Onde há coliformes fecais ou totais existe o nitrato, substância altamente cancerígena", ressalta.

Com a exploração descontrolada da água, já que hoje existem em média cerca de 6.600 poços em Dourados, e com o grande despejo de óleo que acaba atingindo os rios e o Aquifero Guarani, a Sanesul vem redobrando os tratamentos para assegurar que a água que chega até as residências cumpra os padrões exigidos pela portaria 518 do governo federal que regulamenta o tratamento da água. "Dois são os maiores problemas que causam a contaminação. O primeiro é o óleo das oficinas ou postos de combustível que chega em grande quantidade nos setores de tratamento da Sanesul. O segundo agravante é o enorme número de poços caseiros, que as pessoas constróem para abastecer piscinas, ou demais reservatórios onde o consumo de água é alto. Sem rede de esgoto suficiente a água acaba sendo contaminada. Para que esta água contaminada nos poços e o óleo não chegue até as casas gasta-se mais com energia e produtos para tornar a água potável e de qualidade. Quem acaba arcando com os prejuízos são os consumidores que acabam pagando a mais pela água", explica.


Segundo Rigotti, a grande quantidade de poços em Dourados pode acarretar gravíssimos problemas ao Meio Ambiente. "Quanto mais a água for explorada de forma irregular, menor será o nível da água do Aquifero Guarani, principal abastecedor de água de Dourados", alerta, observando que a Sanesul realiza por dia 36 análises da água antes e depois do tratamento.
Uma das possíveis soluções para o problema da exploração sem limite seria a regulamentação da atividade. Conforme Auro as pessoas que quisessem ter um poço deveriam cumprir normas estabelecidas pela Agência Nacional de Águas (ANA), que está em fase de implantação.

De acordo com ele o problema será amenizado com os investimentos advindos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Sanesul de Dourados, que deverá investir cerca de R$ 52,6 milhões em obras nas redes de distribuição de água e coletores de esgoto.

Além das análises da Sanesul, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) vem pesquisando a qualidade da água douradense, conforme noticiou o Douradosagora/O Progresso. O estudo aponta grandes possibilidades do lençol freático de Dourados apresentar o hidrocarboneto, uma substância altamente cancerígena, encontrada em resíduos provenientes do óleo de postos de combustível.

IMAM
O Instituto do Meio Ambiente de Dourados vem autuando os proprietários de poços em Dourados a solicitarem a licença expedida pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), que estabelece controles acerca da manutenção dos poços. Para o superintendente do Imam João Bosco Sarubbi Mariano, a elaboração de leis no município, que regulamentassem a atividade poderia ajudar na fiscalização. "Sem nenhum critério, moradores acabam cavando os poços e contribuindo para sua contaminação. Em Campo Grande já existe uma lei em fase de implantação onde os poços possuem hidrometros. A medida inibe o alto índice de poços, já que será cobrado valores para a exploração da água que é um bem da União nestes casos", ressalta. (Colaborou Valéria Araújo)

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