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Saúde Quinta-feira, 24 de Setembro de 2009, 17:48 - A | A

Quinta-feira, 24 de Setembro de 2009, 17h:48 - A | A

Campo Grande pode ter centro regional de transplantes

Redação Capital News (www.capitalnews.com.br)

O médico Silvano Raia, pioneiro do transplante de fígado no Brasil e uma das principais autoridades no assunto, apresentou hoje (24) ao governador André Puccinelli um projeto que pretende criar centros especializados em transplantes de órgãos em 16 estados que ainda não realizam o procedimento de forma rotineira. Ele considera que Campo Grande, pela localização geográfica e pelo início do desenvolvimento de seus profissionais pode sediar um centro regional de transplantes. O governador determinou à secretária Beatriz Dobashi (Saúde) um estudo, junto com a equipe de Raia, sobre a estrutura e custos que o projeto requer para definir a participação do governo do Estado na implantação do centro.

Raia explica que o projeto envolve três iniciativas: a capacitação (especialmente para a captação de órgãos), a manutenção e a atualização. Na primeira, a coordenação do projeto subvencia o estágio de médicos nos hospitais de referência de São Paulo, sob supervisão de especialistas. O médico sul-mato-grossense Fábio Paes Barbosa é o primeiro a participar dessa etapa, na capacitação voltada para transplante de fígado. O estágio dura um ano.

Mais do que o ato cirúrgico em si, o aprendizado visa a captação de órgãos. Essa capacitação é importante porque prepara os profissionais para todo o processo de acompanhamento de pacientes que evoluem para morte cerebral, aumentando as oportunidades de captação. Sem esse preparo, a maior parte dos transplantes acaba sendo o de intervivos, como nos de rins.

A fase chamada de manutenção é que prevê recursos para custear o trabalho dos médicos que passaram pela capacitação e voltaram aos seus estados para colocar em prática o aprendizado. Uma boa notícia trazida pelo médico é que o Ministério da Saúde, através do Sistema Nacional de Transplantes, deverá iniciar em cerca de 60 dias um programa de subvenção para essa fase. A verba prevista é de R$ 20 mil/mês específica para captar órgãos.

A fase de atualização será feita através de uma rede de telecomunicação, com discussões em tempo real. “Daqui de Campo Grande, os profissionais vão interagir com especialistas de São Paulo, com professores do Nordeste, de modo a termos normas e condutas comuns”, exemplifica Raia.

"Estamos discutindo com a secretária Beatriz Dobashi os detalhes para implementação do projeto. Já posso dizer que a sede será na Santa Casa”, afirmou. O hospital já tem experiência no procedimento.

O projeto para implantar 16 centros de transplantes surgiu graças a uma mudança na forma de concessão do título de filantropia, que assegura isenção de impostos. Dede o fim do ano passado, os hospitais candidatos passaram a ter que apresentar um projeto de desenvolvimento do SUS. Antes disso, a exigência de retribuição era a de oferta de serviços pontuais apenas. O governador André Puccinelli, que é médico cirurgião, manifestou grande interesse pelo projeto e se dispôs a promover esforço técnico e financeiro para viabilizar a implantação do centro.

A iniciativa de Raia para criar os centros incluiu a criação de uma fundação a TransÓrgãos. Uma das ações que ele propõe para os estados é criar estruturas locais semelhantes e firmar termo de cooperação técnica com a fundação. A entidade pode receber doações da iniciativa privada para auxiliar nos trabalhos. Na visita de apresentação do projeto ao governador, Silvano Raia, esteve acompanhado da secretária Beatriz Dobashi; do diretor de Assistência a Saúde da SES, e dos médicos Fabio Paes Barbosa e Ronny Mitsuoka.

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