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O futuro do varejo: o que a China tem a ensinar ao Brasil

Por Ionita Lunelli*

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Nos últimos anos, temos acompanhado uma transformação significativa no comportamento do consumidor. A facilidade de comprar online impactou diretamente o varejo, que teve que se adaptar à nova realidade. Com a vinda de novas gerações, cada vez mais conectadas e nativas digitais, a tendência é que as compras online sigam sendo o carro-chefe de muitos negócios.

Durante uma recente missão empresarial à China, tive a oportunidade de conhecer o Yaowang X27 Park, o único shopping center de live commerce do mundo. O espaço reúne quase 400 lojas em 20 mil metros quadrados, que juntas alcançam um faturamento anual de cerca de R$ 8 bilhões. O mais impressionante? As lojas permanecem vazias na maior parte do tempo, com vendas que acontecem quase totalmente através de recursos digitais. Um case surreal de varejo em outro patamar de integração.

O espaço mostra que o e-commerce deixou de ser apenas uma vitrine digital para se tornar um dos principais canais de vendas em tempo real. As transmissões ao vivo conectam consumidores e marcas unindo conveniência e desejo de compra.

No Brasil, o live commerce ainda é uma tendência em fase de maturação, explorada principalmente por influenciadores digitais. Mas o aprendizado que trazemos da China é claro: há espaço para que pequenos negócios utilizem cada vez mais esse formato.

Pequenas empresas de moda, gastronomia e artesanato podem transformar suas redes sociais em canais de venda ao vivo, apresentando produtos, tirando dúvidas em tempo real e criando um relacionamento mais humano com os clientes. Com baixo investimento e certa criatividade, é possível aumentar as vendas.

Além disso, o live commerce reforça um ponto central: o varejo do futuro não será apenas digital, mas sim um híbrido entre tecnologia e experiência. Os consumidores querem conveniência, mas também buscam conexão com quem está por trás das marcas.

Mas a China vai além do live commerce quando falamos em varejo inovador. Em Shanghai, conheci a Starbucks Reserve, que transforma o ato de tomar café em uma experiência imersiva, com uma curadoria de sabores especiais. Também visitei a loja-conceito da Louis Vuitton, que simula um navio de luxo e combina museu, boutique e café em um mesmo espaço. São exemplos de como o consumo está cada vez mais conectado à percepção, não apenas ao produto em si.

Outro ponto que merece destaque é a logística. Conheci soluções da Meituan, a maior empresa de delivery de refeições do mundo, que já faz entregas por drones e veículos elétricos. Essa integração entre conveniência e tecnologia mostra o quanto o Brasil ainda pode avançar para melhorar a eficiência das entregas.

Além de termos a chance de conhecer de perto esses modelos de sucesso, essas visitas reforçam como a integração entre academia, governo, empresas e investidores pode impulsionar inovação, gerar novos negócios e transformar a economia, trazendo insights tanto para novas empresas quanto para as já existentes.

O desafio que fica para os empreendedores é: como traduzir essa inspiração em práticas adaptadas à nossa realidade? Não se trata de replicar modelos prontos, mas de observar as tendências globais e adaptá-las ao DNA do empreendedorismo local. É preciso agir localmente e pensar globalmente.

A visita a cidades como Hangzhou, conhecida como a “capital global do e-commerce ao vivo”, Shenzhen, grande centro tecnológico e de manufatura, Guangzhou, um dos polos mais importantes de inovação produtiva do mundo e Shanghai, maior cidade do país e núcleo financeiro global, foi um lembrete de que o futuro do varejo já começou. Cabe a nós criarmos oportunidades através da inovação. No caso dos pequenos negócios, mantendo a essência de proximidade que sempre marcou esse segmento.


*Ionita Lunelli
Gerente regional do Sebrae/SC.

 

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