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Rural Terça-feira, 17 de Fevereiro de 2009, 14:18 - A | A

Terça-feira, 17 de Fevereiro de 2009, 14h:18 - A | A

Projeto estimula agricultura ecológica para pequenos produtores

Redação Capital News (www.capitalnews.com.br)

A secretaria municipal de Desenvolvimento Econômico, de Ciência e Tecnologia e do Agronegócio (Sedectag), realiza amanhã, quarta-feira, 18, às 14h, no Sebrae, reunião com 100 famílias selecionadas para integrar o projeto “Produção Agroecológica Integrada Sustentável” (PAIS).

Os produtores selecionados recebem um kit com materiais para a construção de um galinheiro, de uma horta agro-ecológica e de um sistema de irrigação inteligente, uma tecnologia inovadora implantada também em outras regiões do País. O projeto é definido como uma tecnologia social e é financiado pela Fundação Banco do Brasil com apoio do SEBRAE e do Ministério da Integração Nacional. Em Campo Grande, com o envolvimento da Prefeitura Municipal, 20 famílias já integram o projeto desde o ano passado.

Uma destas famílias é a do agricultor Agemiro Oliveira, que desde a década de 80 dedica-se a agricultura familiar na região do bairro Santa Emília. No ano passado ele foi um dos selecionados para o projeto piloto do PAIS. “Trabalhamos eu, minha esposa e meu filho. Foi um avanço, em especial devido ao kit, que facilita muito o trabalho de irrigação. Hoje a produção esta maior do que era antes”, afirma Agemiro, que, além de galinhas, planta couve, quiabo, cenoura, alface, coentro, salsa e cebolinha.

O projeto

O modelo inovador do PAIS foi idealizado em 1999 pelo engenheiro agrônomo senegalês radicado no Brasil Aly N'Diaye, que na época vivia com cerca de trinta famílias de agricultores no interior do Estado do Rio de Janeiro. A filosofia principal é o reaproveitamento dos recursos existentes na propriedade para um cultivo sem o uso de agrotóxicos ou insumos químicos e com economia de água na irrigação.

Para isso, o projeto PAIS fornece um kit com materiais e informações técnicas para a construção da horta. Três canteiros são dispostos em círculo ao redor de um galinheiro com capacidade para 11 aves. Uma quarta camada circular, chamada de quintal agroecológico, é destinada à produção de frutas, grãos e outras culturas. O sistema de irrigação por gotejamento é feito com mangueiras, bomba e caixa d'água, que também fazem parte do kit.

A seleção das famílias participantes inclui critérios como: participação de assentamentos e comunidades rurais ou quilombolas, baixa renda e moradia no meio rural (ou em comodatos, caso específico de Campo Grande) com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Para implantar a tecnologia, o pequeno produtor deve ter uma área de 5 mil m2 quadrados de terras, além de acesso à água para irrigação (provinda de poços, barragens ou por captação da água da chuva).

Fator Social

A superintendente de Agricultura da Sedectag, Karla Espíndola, que acompanha o projeto de perto, ressalta a importância do PAIS: “Esta tecnologia social inspirou-se na atuação de pequenos produtores que optaram por fazer uma agricultura sustentável, sem uso de produtos tóxicos e com a preocupação de preservar o meio ambiente. Integrando técnicas simples e já conhecidas por muitas comunidades rurais. O modelo busca reduzir a dependência de insumos vindos de fora da propriedade; diversificar a produção; utilizar com eficiência e racionalização os recursos hídricos; alcançar a sustentabilidade em pequenas propriedades e produzir em harmonia com os recursos naturais. O alcance desses objetivos só é possível devido à iniciativa e à criatividade dos produtores rurais e do incentivo de instituições capazes de fomentar e articular ações que gerem sustentabilidade”.

O titular da Sedectag – e vice-prefeito de Campo Grande – Edil Albuquerque, também destaca o poder de inserção social inerente ao projeto. “O sistema cria condições para melhorar a base alimentar das famílias, colabora para a preservação do meio ambiente, gera emprego e renda e ainda favorece a manutenção de cidadãos em suas localidades”, frisa.

Escoamento

A comercialização é o grande gargalo da agricultura familiar e no PAIS isso não é diferente. No entanto, a Prefeitura Municipal de Campo Grande está imbuída no objetivo de encaixar a produção dos agricultores que integram o projeto em ações do executivo ou capacitá-los para escoar esta produção em métodos alternativos.

Alguns produtores estão inseridos no programa Compra Direta, no qual a Prefeitura compra até R$ 3,5 mil mensais de cada produtor e repassa os produtos para instituições cadastradas na secretaria de Ação Social. Outra forma de escoar a produção será por meio da Feira de Orgânicos e Produtos Naturais, projeto em fase adiantada de desenvolvimento.

“Trata-se de uma feira livre onde o produtor organizado venderá seu produto diretamente para o consumidor. O projeto já foi aprovado em Brasília, já tem o empenho e só falta a aplicação dos recursos. Pensamos em instalá-lo uma vez por semana na Praça do Rádio Clube, no pátio da Concha Acústica uma vez por semana”, explica Espíndola.

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