Indígenas do povo Guarani-Kaiowá retornaram à ocupação da Fazenda Ipuitã, em Caarapó na última quarta-feira (24), após suspenderem temporariamente a presença no local. A propriedade está situada em uma área considerada parte do território tradicional Guyraroká, ainda em processo de reconhecimento. O grupo alega que a retomada foi motivada pela falta de resposta concreta por parte do governo e pelo uso contínuo de agrotóxicos em terras vizinhas.
O clima no local ficou tenso após a chegada dos indígenas. Seguranças privados da fazenda teriam buscado refúgio na sede da propriedade, mas não houve registro de confronto, segundo a Polícia Militar. Uma equipe foi deslocada após denúncias de que funcionários estariam sendo mantidos sob ameaça, informação que não se confirmou. A PM classificou a situação como pacífica.
Diante do impasse, o Ministério dos Povos Indígenas acionou a Força Nacional para reforçar a segurança na região e acompanhar o caso. A presença dos agentes federais tem como objetivo evitar conflitos e garantir a integridade física de todos os envolvidos, incluindo indígenas e trabalhadores da fazenda. A atuação será integrada com forças estaduais e federais.
Lideranças da comunidade afirmam que o retorno à fazenda foi uma decisão necessária diante da estagnação das tratativas. “Esperamos uma abertura para o diálogo, mas isso não aconteceu. Nossa comunidade não pode mais esperar indefinidamente por uma solução que nunca vem”, afirmou Matias Denno Rempel, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Segundo ele, a retomada simboliza a continuidade da luta pelo direito ao território tradicional e pela proteção da saúde das famílias indígenas.