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Opinião Terça-feira, 07 de Outubro de 2025, 12:17 - A | A

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TDAH: Os riscos do autodiagnóstico via redes sociais

Por Tássia Pina*

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Com o crescimento das redes sociais, cresceu também a quantidade de conteúdos sobre saúde mental circulando de forma rápida e, muitas vezes, sem o devido embasamento. Entre vídeos curtos, postagens virais e relatos pessoais, diagnósticos como o do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) têm ganhado cada vez mais visibilidade — mas nem sempre de forma responsável.

De um lado, é positivo que as pessoas falem sobre o tema, compartilhem experiências e se sintam à vontade para buscar ajuda. Por outro, há um risco enorme: o autodiagnóstico. Muitos se identificam com sintomas listados em vídeos ou testes não validados e passam a acreditar, de forma precipitada, que têm TDAH. Isso pode levar a caminhos perigosos.

O TDAH é um transtorno neurobiológico sério, que afeta crianças, adolescentes e adultos em diferentes graus e de diferentes formas. Os sintomas — como desatenção, impulsividade e hiperatividade — precisam ser analisados de forma criteriosa, considerando o histórico de vida da pessoa, os contextos em que ocorrem e os impactos que causam no funcionamento cotidiano. Apenas um profissional qualificado, com base em instrumentos reconhecidos cientificamente, pode realizar esse diagnóstico de forma ética e segura.

O autodiagnóstico não apenas aumenta o risco de erros, como também pode mascarar outros quadros. Sintomas parecidos podem estar presentes em casos de ansiedade, depressão, transtorno do sono ou, até mesmo, situações contextuais, como sobrecarga, luto ou problemas familiares. Sem uma avaliação adequada, a pessoa pode deixar de receber o tratamento correto — ou até iniciar medicações sem necessidade, o que representa um risco à saúde física e mental.

Nem toda agitação é hiperatividade e nem toda dificuldade de concentração é sinal de TDAH. A vida moderna nos expõe a múltiplas tarefas, estímulos constantes e pressões diversas. Cansaço, estresse e falta de organização podem gerar comportamentos semelhantes aos do transtorno, mas exigem abordagens diferentes. Por isso, ao perceber dificuldades recorrentes no trabalho, nos estudos ou nos relacionamentos, o melhor caminho é procurar ajuda especializada. Um diagnóstico bem feito não rotula, mas esclarece.

Ela orienta a escolha do tratamento mais adequado — que pode incluir terapia comportamental, apoio psicopedagógico, medicação e estratégias de organização e rotina — e oferece alívio para quem convive com o transtorno e para quem está à sua volta.

Precisamos combater a desinformação com responsabilidade. Valorizar o conhecimento técnico e a escuta empática é o primeiro passo para construir uma sociedade mais consciente e acolhedora. O acesso à informação é um direito, mas deve vir acompanhado de senso crítico e orientação profissional.


*Tássia Pina
Psicóloga formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) e especializada em Terapia por Contingências de Reforçamento pelo Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento (ITCR). Possui MBA em Liderança, Inovação e Gestão 4.0 pela PUCRS. Há 11 anos no Grupo Conduzir, atua como Gerente ABA nos polos de Campinas e Rio de Janeiro, além de ser gestora dos setores de ABA em Fonoaudiologia e ABA em Terapia Ocupacional. É especialista e responsável pelo setor de Transtornos e Seletividade Alimentar.

 

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