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Rural Segunda-feira, 09 de Junho de 2025, 08:56 - A | A

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Gripe aviária

Gripe aviária acende alerta e mobiliza rede de prevenção em Mato Grosso do Sul

Agraer, Embrapa e Iagro reforçam capacitação e educação sanitária entre pequenos produtores

Elaine Oliveira
Capital News

Diante da confirmação de um foco de gripe aviária (H5N1) em uma granja comercial em Montenegro (RS), onde o vazio sanitário segue até 18 de junho, órgãos de Mato Grosso do Sul intensificam ações preventivas para conter o avanço da doença. A Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), em parceria com a Embrapa Pantanal e a Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), promove uma mobilização voltada à biossegurança e educação sanitária, especialmente entre produtores da agricultura familiar.

As ações incluem capacitações, oficinas, visitas técnicas, repasse de informações e vigilância participativa, com foco em propriedades de subsistência e regiões de fronteira. A meta é orientar os pequenos criadores sobre medidas de contenção e manejo adequado das aves.

“O produtor é muitas vezes o primeiro a perceber alterações no comportamento das aves. Mas para que ele seja um aliado no enfrentamento da doença, precisa entender não apenas o que pode ou não fazer, mas o porquê das orientações técnicas”, explica Thainara Rocha, zootecnista da Agraer.

Ela destaca que a criação solta, comum em propriedades de pequeno porte, eleva o risco de contaminação por contato com aves silvestres. “Uma vez confirmado o foco, a medida de contenção é o sacrifício dos animais, o que gera prejuízos que atingem toda a cadeia, inclusive os pequenos que não têm estrutura para enfrentar perdas sanitárias severas”, alerta.

Com base nesse cenário, a Agraer vem ampliando a qualificação de seus técnicos. “Em março, nossos técnicos já haviam sido treinados em práticas de biossegurança para criações de pequeno porte. Em junho, realizaremos uma nova capacitação focada exclusivamente na gripe aviária, preparando ainda mais nossa equipe para orientar os agricultores de forma padronizada e eficaz”, afirma Thainara.

A atuação da Agraer se soma aos canais de atendimento da Iagro, que dispõe de escritórios regionais, site e redes sociais para orientar produtores e receber notificações de suspeitas. “Os técnicos da Agraer funcionam como ponte entre o agricultor e os órgãos de defesa, acolhendo e direcionando demandas ao serviço oficial”, completa a zootecnista.

Janine Ferra, chefe da Divisão de Defesa Sanitária Animal da Iagro, esclarece a diferença entre dois conceitos essenciais no controle de doenças: “A biosseguridade diz respeito à estrutura da propriedade como cercas, telas de proteção contra aves silvestres, controle de acesso, manejo diário, a higiene nas instalações e o descarte adequado de resíduos. Já a biossegurança envolve a proteção do operador, o uso de equipamentos de proteção individual. Ambas são indispensáveis para evitar a entrada e a disseminação de doenças”.

Em caso de suspeita, o produtor deve isolar imediatamente as aves doentes e acionar a Iagro, que, segundo Janine, atua em até 12 horas para fazer o atendimento local. “A mortalidade repentina também é um alerta importante”, ressalta.

Entre os sintomas que merecem atenção estão: andar cambaleante, falta de postura, inchaço na cabeça, olhos vermelhos ou inchados, espirros, tosse, dificuldade respiratória, diarreia, manchas nas pernas e alterações na coloração da crista. “É fundamental manter as aves suspeitas isoladas em um galinheiro ou piquete, o que facilita a inspeção e a coleta de material”, orienta Janine.

Com a mobilização em curso, as instituições reforçam que a prevenção é o melhor caminho para evitar prejuízos sanitários e econômicos. O papel do pequeno produtor, bem informado e vigilante, é essencial para proteger não apenas sua criação, mas toda a cadeia produtiva do Estado.

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