A nova crise na safra de soja deve aumentar as discussões sobre alternativas para a continuação da atividade na região. A proposta é encontrar alternativas tecnológicas para garantir a sobrevivência da cultura.
Com duas safras perdidas em quatro anos e uma retrospectiva não muito favorável em termos de produtividade, há quem tema que Dourados e outros municípios da região possam acabar fora do zoneamento agrícola da soja.
Fora do zoneamento, os recursos para custeio da lavoura ficariam caros, haveria dificuldade para contratar seguro e a cultura estaria inviabilizada para a maioria dos produtores.
O Sindicato Rural de Dourados e o GPP (Grupo Plantio na Palha) já discutem novas tecnologias para a soja em Dourados há algum tempo. Produtores e técnicos reúnem-se já há algum tempo, todas as segundas segundas-feiras do mês com esse fim. Na próxima reunião, segunda-feira, será discutida a crise provocada pela estiagem.
O secretário municipal de Agricultura, Comércio e Indústria, Maurício Peralta, diz que Dourados precisa discutir também problemas como desmatamento, mata ciliar e outros problemas ambientais. “A gente sabe que o produtor está pagando caro por causa dos problemas ambientais; esta é uma questão que tem de ser discutida”, ressaltou.
O secretário convocou as entidades para que juntamente com o Imam (Instituto de Meio Ambiente) discutam medidas para amenizar este problema.
Dourados enfrentou este ano o dezembro mais quente dos últimos 30 anos, de acordo com Fernando Lamas, chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste. No dia 9 a temperatura chegou a 38,4º. Naquele mês choveu apenas 18 mm, contra a média histórica de 185 mm. Em novembro, a média foi de 124 mm de chuvas, contra a média história de 164 mm. Para complicar a situação, as chuvas foram irregulares. 117 dos 124 mm ocorreram nos primeiros 10 dias do mês. A temperatura do mês de novembro também foi superior à média histórica.
Ainda de acordo com Lamas, de 2005 a 2008, o índice de precipitação pluviométrica em Dourados, Fátima do Sul e adjacências foi inferior à média histórica. “Estamos num limite muito estreito; muito próximo do cultivo da soja se tornar inviável”, disse Lamas, durante reunião sobre a situação de emergência, quarta-feira, na prefeitura.
O presidente da Aeagran (Associação dos Engenheiros Agrônomos da Grande Dourados), Bruno Tomassine, não vê o problema com tanto alarde. “Nós sabemos que tem faltado chuva, mas nada que possa inviabilizar o plantio da soja na região”, disse.
Mas, ele reconhece que há tecnologias que podem amenizar o impacto da estiagem na soja que ainda não são usadas por produtores.
Por isso, o secretário Peralta acha importante uma discussão ampla sobre as lavouras, envolvendo também a questão ambiental. “Precisamos fazer este compromisso de discutirmos com seriedade esta questão”, disse. (Com Informações: Diário MS)