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Rural Sexta-feira, 19 de Junho de 2009, 07:20 - A | A

Sexta-feira, 19 de Junho de 2009, 07h:20 - A | A

Acrissul defende na Feicorte o conceito do boi sustentável do Pantanal

Redação Capital News (AR)

O presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Francisco Maia, leva para a Feicorte 2009 (Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne), que acontece em São Paulo, a proposta dos criadores pantaneiros, para que o mercado consumidor se conscientize da importância da atividade pecuária desenvolvida no Pantanal e passe a valorizar mais a carne produzida na região, de forma sustentável, ainda que diante de fortes adversidades como as cheias, ataque de predadores, alto índice de mortalidade e baixo índice de natalidade dos rebanhos. "E isso de maneira totalmente preservacionista, sem causar nenhum impacto ambiental negativo, em mais de 250 anos de ocupação da região pela pecuária", afirma Maia.

Atualmente o Pantanal Sul-Mato-Grossense tem 85% da vegetação nativa preservada. “Nossa mensagem é no sentido de que ‘quem preserva tem que ter crédito’, afirma Maia, que fará a difusão da proposta, com base em pesquisa da Embrapa-Pantanal e outras 5 ONGs, no recinto da Feicorte, sexta-feira, dia 20 de junho, último dia do evento. “O objetivo principal é fortalecer os elos da cadeia produtiva da carne pantaneira e garantir a sustentabilidade econômica, ambiental e social da atividade”, afirma o presidente da Acrissul.

Segundo ele, a manifestação é para chamar também a atenção das autoridades federais, preocupadas em só punir quem maltrata a natureza, mas que não criou até agora nenhum tipo de incentivo ou compensação para o homem pantaneiro, que exerce a atividade pecuária no Pantanal de forma econômica e ecologicamente sustentável. “Nem crédito de carbono os proprietários de terras no Pantanal recebem”, compara. E arremata: “Uma árvore não pode ter mais valor no chão do que em pé”.

Levantamento realizado por cinco ONGs (Organizações Não-Governamentais), que contou com a consultoria da Embrapa Pantanal, concluiu que 85% da vegetação nativa do Pantanal está intacta. O estudo foi iniciado no segundo semestre do ano passado e está em fase de finalização.

As ONGs responsáveis pelo levantamento foram a WWF-Brasil, SOS Mata Atlântica, Conservação Internacional, Avina e Ecoa, que contataram a empresa ArcPlan para a execução do mapeamento. Seis pesquisadores da Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, atuaram como consultores técnicos. O chefe geral da Embrapa Pantanal, José Aníbal Comastri Filho, disse que o uso sustentável do Pantanal pode servir de exemplo para outros ecossistemas do mundo todo. “Sem dúvida, o Pantanal é o ecossistema mais conservado do Brasil”, disse ele.

A quantificação de 85% de área conservada pode até aumentar na finalização do estudo. Há um percentual de áreas alteradas no Pantanal que ainda não foi devidamente processado pelo levantamento. Essas áreas podem ter sido alteradas por ação antrópica (do homem) ou representar variações naturais e não significam, necessariamente, desmatamento. O grupo da Embrapa Pantanal forneceu dados, informações e conhecimento técnico sobre a planície pantaneira.

O levantamento comprova que a pecuária extensiva tradicional praticada no Pantanal desde 1737 contribuiu para a conservação ambiental da região, que hoje representa o ecossistema com melhor índice de conservação do país. A grande maioria dos pecuaristas tradicionais do Pantanal utiliza a vegetação nativa para alimentar o rebanho, fazendo o manejo adequado, adaptado ao ciclo de cheia e seca, que garante a sustentabilidade da atividade a longo prazo.

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