Acervo pessoal
Psiquiatra explica que muitas vezes o uso abusivo de telas, vem como uma forma de escapismo de problemas
Eu tenho aplicativo onde monitoro todas os acessos no celular e as redes sociais dela
“Ela só usa o celular no período da tarde. Eu tenho aplicativo onde monitoro todas os acessos no celular e as redes sociais dela”, é assim que a Jaqueline Alves de Souza de 36 anos controla os passos da filha na internet. Todo esse cuidado tem um porquê: A preocupação com o que esse meio de comunicação pode oferecer a menina.
E não é só ela que está preocupada, outros pais, especialistas em saúde e educação também, isso porque uma pesquisa mostra que o Brasil é o segundo país onde as pessoas passam mais tempo do dia no uso de telas. Os dados quem traz são o Digital 2023: Global Overview Report e do aplicativo Sleep Cycle, analisados pela Eletronics Hub.
O país fica atrás apenas da África do Sul. Segundo o levantamento, as pessoas ficam cerca de 9 horas e 32 minutos na frente do computador, quatro dessas horas apenas nas redes sociais, o que representa 58,2% do tempo médio em que um brasileiro está acordado.
Ao passo que mais e mais horas são gastas com o uso de celulares, especialistas chamam atenção para a importância de falarmos sobre um conceito chave na vida moderna: educação digital. A Doutora em Educação Ângela Costa fala que o já passou da hora dos pais assumirem o controle dessa situação na vida dos filhos.
não dá para continuar como está
Para ela, o tempo dedicado a internet tem que ser controlado pela família, pelos professores, “não dá para continuar como está”, acrescenta. Ângela destaca que esse meio de comunicação está criando uma geração preguiçosa, com crianças e adolescentes desestimulados a pensar.
Além dos efeitos na cognição, na atenção, na memória, os especialistas também alertam para os impactos na autoestima e no desenvolvimento de quadros de dependência. O Psiquiatra e colaborador Pro-AMITI- Programa Ambulatorial Integrado dos Transtornos do Impulso- IPq- USP- Grupo Dependências Tecnológicas Vinicius Andrade fala que muitas vezes o uso abusivo de telas, vem como uma forma de escapismo de problemas e até outras patologias como transtorno diante da ansiedade social, depressão entre outros fatores.
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Quando o indivíduo começa a deixar de fazer coisas importantes e ter prejuízos em função de telas, é um sinal de alerta muito importante, enfatiza psiquiatra Vinicius Andrade
O psiquiatra explica ainda que quando o comportamento gera um prazer, e a pessoa começa a repeti-lo, gera no cérebro uma hipossensibilização, o que faz a pessoa querer cada vez mais e mais esse comportamento. Ele acrescenta que para as crianças já existem algumas regulamentações delimitando o tempo para que as mesmas fiquem expostas às telas.
Quando o indivíduo começa a deixar de fazer coisas importantes e ter prejuízos em função de telas, jogos, mídias sociais, é um sinal de alerta muito importante
Isso porque, segundo ele, os prejuízos que podem ser causados tanto a crianças quanto adultos são enormes. Geralmente são sinais relacionados à parte familiar, funcional, profissional e de vida. “Quando o indivíduo começa a deixar de fazer coisas importantes e ter prejuízos em função de telas, jogos, mídias sociais, é um sinal de alerta muito importante”, enfatizou.
Prejuízos que a Jaqueline não deixa a Rafaela Alves de Souza de 11 anos passar e a menina, desde cedo já entende. “Eu sei que tudo o que minha mãe faz é para o meu bem. Embora, algumas vezes queira ficar mais na internet, sei que quando ela controla é para meu bem”, finalizou.