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Reportagem Especial Sexta-feira, 29 de Março de 2024, 08:24 - A | A

Sexta-feira, 29 de Março de 2024, 08h:24 - A | A

Semana Santa

O beijo da Cruz e o silêncio dos católicos na Sexta-Feira Santa

Segundo dia do Tríduo Pascal é marcado por uma profunda reflexão sobre o verdadeiro sacrifício de Jesus

Vivianne Nunes
Especial para o Capital News

Vivianne Nunes

O beijo da Cruz e o silêncio dos católicos na Sexta-Feira Santa

Beijo da Cruz é sinal de amor e resignação pela imagem de Jesus Cristo que se deu em sacrifício pela humanidade

Segundo dia do Tríduo Pascal, a Sexta-Feira Santa é o único dia do ano em que não se celebra missa em todo o mundo. A explicação é do padre Cléber Brugnago, coordenador de pastoral da Arquidiocese de Campo Grande.

Ele por si é o sacrifício por excelência

Ele lembra que esta é a Celebração da Paixão de Cristo. “O sacrifício de Cristo [neste dia] já é o grande sacrifício, não precisa do sacrifício da missa. Ele por si é o sacrifício por excelência, é o único dia do ano que não temos missa”, reforçou.

“A celebração deste dia consiste em quatro momentos marcantes: primeiro é a entrada do sacerdote com a equipe de servos, um momento silencioso. Depois, a liturgia da Palavra, onde os fiéis vão ouvir a leitura do Profeta Isaías, o servo sofredor e depois a segunda leitura, o Evangelho da Paixão, seguido pela reflexão daquele dia e as orações universais. São preces rezando por diversas necessidades, pela Igreja, pelos que não creem em Deus, pelos poderes públicos, pelos irmãos judeus, que nos precederam e a quem Deus falou em primeiro lugar, pelos que sofrem e passam por privações, em guerra, são as chamadas as preces universais”, explicou o padre.

Dentro desta celebração também acontece a adoração da Santa Cruz, o chamado Beijo na Cruz, onde os fiéis católicos reconhecem o sacrifício de Jesus e são convidados a beijar a cruz simbolizando o beijo na própria face de Cristo, um momento em que todos seguem em silêncio e resiliência, em sinal de gratidão e amor por tudo o que aconteceu.

A. Ramos/Capital News

O beijo da Cruz e o silêncio dos católicos na Sexta-Feira Santa

Via Sacra é tradição em grande parte das paróquias

É comum que as paróquias preparem, neste dia, a apresentação da Via Sacra ou a encenação da Paixão de Cristo, relembrando todas as estações que mostram os últimos passos de Jesus, desde sua condenação à morte passando pela coroação de espinhos, a entrega com a cruz, encontro com a Virgem Maria, com Simão Cirineu, que ajuda a segurar a cruz, com Verônica, que é a mulher que enxuga a face de Cristo, até a crucificação, descida da cruz e morte.

É comum que as pessoas se comovam, se emocionem neste dia diante do sofrimento de Cristo. Segundo o padre Cléber: “É um momento que nos leva a olhar o sofrimento de toda humanidade, como Jesus, acusado, perseguido injustamente, são tantos os sofrimentos. Há dentro de nós o sentimento de dor, mas ali a gente olha pra cruz como o sinal de esperança. É nosso sinal, ele venceu a cruz e nos disse que nós também haveremos de vencer, basta seguir os seus passos e ele mesmo disse: ‘quem acredita em mim, quem está comigo, ainda que morra, viverá’”, pontuou.

Essa mensagem, para o sacerdote, nos enche de esperança, mexe com nossos sentimentos e é momento de renovação espiritual da fé, diante do mistério da cruz, assumindo esse mistério, um mistério do amor revelando que quem ama sofre pelo outro.

A. Ramos/Capital News

O beijo da Cruz e o silêncio dos católicos na Sexta-Feira Santa

Via Sacra é tradição em grande parte das paróquias

Sábado Santo e não de aleluia!

O dia seguinte é a missa mais importante do ano, a que encerra o Tríduo Pascal. No entanto, diferente do que muitos pensam, a nomenclatura Sábado de Aleluia, não é mais utilizada desde a reforma litúrgica do Concílio Vaticano em 1968. O próprio padre Cléber nos explica que o nome foi dado porque durante o tempo de quarenta dias da quaresma não se pronuncia os aleluias, a aclamação ao Evangelho, durante as missas. Também não são cantados os hinos de louvor, o Glória e no sábado era o dia em que era celebrada a missa às 9h da manhã, quando se rompia o silêncio da Sexta-Feira Santa para a comemoração da Páscoa. No entanto, esse costume mudou quando as celebrações passaram a acontecer no sábado à noite, mudando para Sábado Santo.

Vivianne Nunes

O beijo da Cruz e o silêncio dos católicos na Sexta-Feira Santa

Beijo da Cruz é sinal de amor e resignação pela imagem de Jesus Cristo que se deu em sacrifício pela humanidade

Conversão

Em todo tempo da quaresma, o grande apelo é para que todos possam viver uma vida de oração, penitência, sacrifício e caridade, que é o amor ao próximo, e a conversão passa por esse processo para que nesses dias façamos uma revisão da própria vida. Desta forma, para acompanhar os passos de Jesus, celebrar a Páscoa, que é vida nova, não se pode fazê-lo com vícios e costumes antigos. Esse é o momento do ano em que todos são chamados para essa reflexão: o que é preciso mudar?

“Para celebrar a páscoa que é vida nova, um momento novo, de renascimento, em que Cristo ressuscitou, eu também devo ressuscitar com Ele, e vou ressuscitar com as práticas antigas? Não! Preciso ressuscitar com novas práticas, com vida nova, deixando meus pecados, aquilo que me impede de viver melhor”, finalizou o padre Cléber.

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