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Política Terça-feira, 13 de Novembro de 2012, 12:31 - A | A

Terça-feira, 13 de Novembro de 2012, 12h:31 - A | A

Organização acusa Bunge de "manchar de sangue indígena" biocombustível produzido em MS

Laura Holsback - Capital News (www.capitalnews.com.br)

O site Survival International denunciou que a Bunge, empresa do ramo alimentício com sede nos Estados Unidos, está envolvida em escândalo relacionado à produção de cana-de-açúcar no Brasil. Segundo o site, para benefício próprio, a empresa afastou comunidades indígenas de suas terras, poluiu riachos e causou enfermidades e doenças aos índios Guarani, em Mato Grosso do Sul.

A Bunge estaria fortemente envolvida no mercado crescente de biocombustíveis e fontes de cana-de-açúcar de fazendeiros que tomaram a terra ancestral dos Guarani.

Uma comunidade de 225 Guarani de Mato Grosso do Sul reclamou que a invasão da cana-de-açúcar, associada com a maquinaria e os pesticidas, destruiu a saúde deles nos últimos quatro anos.

Eles afirmam que os pesticidas lançados pelos aviões afetam a comunidade. Além disso, maquinas foram deixados para apodrecer em riachos, aos quais os guarani dependem para o acesso à água.

“Nós, os Guaranis, não queremos cana-de-açúcar na nossa terra, elas machucam a nossa saúde, incluindo a saúde de nossos filhos e dos anciões, e o veneno contamina a água”, afirmou à Survival International um membro comunidade indígena.

Por meio de uma carta, eles reivindicaram a retirada dos não-índios da aldeia. "Não temos espaço para caçar e pescar, assim a gente não conseguimos usar nossa cultura tradicional. Os brancos (sic) também ameaçam os povos daqui e não deixam caçar no mato. Queremos preservar o mato também, mas os brancos continuam destruindo e comercializado ilegalmente", pedem.

A Survival declarou ter procurado a Bunge, mas a companhia teria afirmado que continuaria a retirar a cana-de-açúcar da terra ancestral Guarani até que as autoridades brasileiras demarcassem completamente a área como indígena.

"Muito do biocombustível brasileiro está manchado de sangue indígena. Aqueles que o usam, deveriam saber que a sua escolha ‘ética’ está contribuindo para a morte e destituição absoluta de índios Guarani. A Bunge deveria seguir o exemplo da Shell e se retirar da terra Guarani, sem esconder-se por desculpas de um reconhecimento oficial da terra, o qual poderia levar décadas”, criticou o diretor da Survival International, Stephen Corry.
 

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