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ARTICULAÇÃO

Senador Nelsinho Trad e ministro alinham missão oficial aos EUA diante de tensões comerciais

O encontro contou também com a embaixadora do Brasil nos Estados Unidos, Maria Luiza Viotti

Flávio Veras
Capital News

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reuniu-se virtualmente nesta terça-feira (23) com o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), e senadores que integram a comitiva que viajará a Washington entre os dias 28 e 30 de julho. O encontro contou também com a embaixadora do Brasil nos Estados Unidos, Maria Luiza Viotti, além de diplomatas, da secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, e do chefe de gabinete do vice-presidente Geraldo Alckmin, Pedro Guerra.

A missão parlamentar, aprovada pelo plenário do Senado, foi criada pela CRE com caráter institucional e suprapartidário. O objetivo é intensificar o diálogo político e econômico com o Congresso norte-americano em meio à escalada de tensões comerciais. Segundo os senadores, a iniciativa não busca negociar tarifas — competência do Executivo —, mas cumprir o papel constitucional do Legislativo de defender os interesses nacionais.

Durante a reunião, Mauro Vieira relatou as tratativas recentes do governo brasileiro com autoridades do Tesouro dos EUA e representantes do setor privado norte-americano. Ele lembrou que, nos últimos 15 anos, os EUA registraram superávit de US$ 410 milhões no comércio com o Brasil, reforçando a complementariedade entre as duas economias.

Um dos embaixadores presentes destacou que as primeiras conversas com Washington ocorreram ainda antes do anúncio oficial das tarifas, feito pelo governo Donald Trump em abril. Embora o Brasil tenha sido incluído na lista dos chamados “15 sujos”, o país sempre defendeu que, por registrar déficit comercial, não deveria ser alvo das medidas — argumento semelhante ao usado por Austrália e Reino Unido. Segundo ele, até o início de julho, a decisão final permanecia em avaliação pela Casa Branca.

A secretária Tatiana Prazeres ressaltou que o MDIC está à disposição dos parlamentares, enquanto Pedro Guerra destacou que o governo tem mapeado impactos em setores como agronegócio, mineração, big techs e produtos perecíveis. Ambos reforçaram que o consenso é de que o diálogo deve ser o caminho prioritário.

Estudos técnicos da CRE apontam que as novas tarifas americanas podem afetar diretamente segmentos estratégicos da economia brasileira, colocando em risco até 1,9 milhão de empregos em estados como São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Já nos EUA, regiões como Califórnia, Flórida, Texas e Nova Jersey dependem fortemente de produtos brasileiros como petróleo, ferro, café, carnes e celulose, o que pode gerar rupturas em cadeias produtivas e nos fluxos de investimento bilateral.

Ao encerrar o encontro, Nelsinho Trad ressaltou a importância da missão:
— Não temos a prerrogativa de negociar, mas temos a obrigação de dialogar em defesa dos interesses do Brasil.

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