O anúncio do governo dos Estados Unidos de retirar a tarifa adicional de 40% sobre uma série de produtos agrícolas brasileiros abriu caminho para um alívio imediato ao agronegócio nacional — mas está longe de encerrar a crise comercial entre os dois países. A avaliação é do senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão Temporária Externa Brasil–EUA (CTEUA), que liderou a articulação política responsável por sensibilizar congressistas norte-americanos sobre os impactos das sobretaxas.
A decisão, oficializada por ordem executiva do presidente Donald Trump, abrange produtos como café, chá, frutas tropicais, sucos, cacau, especiarias, banana, laranja, tomate e carne bovina. O documento menciona que a medida foi tomada após conversa telefônica com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual ambos concordaram em iniciar negociações para tratar das questões listadas no Decreto Executivo 14.323.
Para Nelsinho Trad, a medida representa “um avanço significativo, mas ainda parcial”. “Agora, é garantir que nenhum setor fique para trás”, afirmou o senador, destacando que a crise tarifária segue afetando segmentos como madeira, pescados e produtos industrializados.
Missão a Washington e articulação política
Desde o início das sobretaxas, Nelsinho Trad conduziu uma ofensiva diplomática e parlamentar, levando uma missão oficial ao Capitólio para apresentar estudos sobre os efeitos econômicos negativos tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
“O impacto não é abstrato. Ele aparece no produtor que adia investimentos, no frigorífico que reduz a compra e na cooperativa que perde contratos importantes”, reforçou o senador.
Durante as reuniões, parlamentares americanos demonstraram preocupação específica com o setor madeireiro — especialmente aquele que importa madeira do Paraná e de Santa Catarina. O senador Martin Heinrich (Novo México) alertou que a tarifa elevou o custo da habitação nos EUA, agravando a crise imobiliária local.
Setor madeireiro segue como ponto crítico
Mesmo após o recuo tarifário para parte do agro brasileiro, produtos de madeira continuam sujeitos à sobretaxa. Trad assegura que este será um dos temas prioritários na pauta bilateral.
“Ainda há produtos estratégicos, como madeira, pescados e industrializados, que seguem penalizados. Essa agenda não está encerrada”, afirmou.
Especialistas avaliam que o recuo faz parte de uma revisão mais ampla da política comercial americana, pressionada internamente por fatores como inflação e custo de vida.
Alívio imediato a setores agrícolas
Com o fim da taxa de 40%, itens que somam cerca de US$ 5 bilhões anuais em exportações recuperam competitividade. Em 2024, os EUA responderam por 12% das vendas externas do Brasil, o equivalente a US$ 40,3 bilhões.
O café foi um dos produtos mais afetados, com retração superior a 50% nas compras americanas desde agosto. “O produtor vinha segurando estoque porque não conseguia fechar preço com uma sobretaxa tão alta. Essa retirada muda o cenário”, avaliou Trad.
Também voltam a competir com maior equilíbrio frutas como manga, melão, mamão, abacaxi, além de tomate sazonal, castanhas, coco, açaí e sucos cítricos.
Recuos anteriores e continuidade das negociações
Antes do anúncio mais recente, os EUA já haviam:
• retirado tarifas sobre exportações brasileiras de celulose e ferro-níquel;
• aprovado no Senado americano resolução para encerrar a emergência nacional que permitia sobretaxas de até 50%;
• suspendido a tarifa global de 10% aplicada a diversos produtos agrícolas.
A CTEUA apresentará seu relatório final até 6 de dezembro, com propostas para consolidar um canal permanente de diálogo entre os Parlamentos e avançar nas pendências, especialmente a reversão das tarifas ainda vigentes para madeira e outros segmentos industriais.
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