A COP é a “Conferência das Partes”, evento promovido anualmente pela Organização das Nações Unidas (ONU) para avaliar o progresso no enfrentamento das mudanças climáticas e definir novas medidas para atingir seus objetivos. Além dos representantes dos governos dos países membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), as COPs reúnem milhares de especialistas que acompanham as discussões como observadores e emissores de sugestões. Esses participantes desenvolvem agendas complementares representando instituições, empresas, organizações da sociedade civil e outros agentes envolvidos com as mudanças climáticas.
A COP 30, presidida pelo embaixador André Corrêa do Lago, está em pleno andamento em Belém-PA, de 10 a 21 de novembro de 2025. Estima-se que 50 a 70 mil pessoas participem do evento, procedentes de 160 a 170 países. A primeira COP foi realizada em 1995, em Berlim, Alemanha, após sua criação durante a ECO-92 (Rio-92), a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Como nas edições anteriores, a COP 30 é desenvolvida na Zona Azul (“Blue Zone”), área oficial e restrita onde ocorrem as negociações entre os representantes dos países participantes (espaço diplomático), e na Zona Verde (“Green Zone”), área aberta à sociedade civil, empresas, ONGs, academia e ao público em geral. Pela primeira vez, foi disponibilizada uma Zona Agro (“Agri Zone”), um espaço oficial dedicado ao setor agropecuário. O objetivo é mostrar um agro baseado em ciência, inovação e sustentabilidade, que pode ser parte da solução para os desafios climáticos. Na Zona Agro, há intensa programação diária com discussões sobre as relações do agro com as mudanças climáticas.
Importante destacar que a COP30 não é um evento do agro, mas do clima. Entretanto, existe muita desinformação. O agro não é problema; é parte da solução. É claro que existem desafios que devem ser equacionados e resolvidos. Para isso, existem Engenheiros Agrônomos e outros profissionais do agro que têm contribuído para o avanço das soluções.
Entre as diversas contribuições encaminhadas à COP30, vale salientar duas diretamente relacionadas aos Engenheiros Agrônomos:
(1) “Contribuição da Academia Brasileira de Ciência Agronômica (ABCA) à 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima (COP30)”, preparada em agosto de 2025, com Apresentação, Sumário Executivo, Visão Institucional da ABCA, Amazônia como Território Síntese, A Bioeconomia das Conexões: Superando Reducionismos e Chamado à Ação. Trata-se de um posicionamento robusto, com 28 páginas, aprovado pela Assembleia Geral da ABCA.
(2) “Contribuição da Engenharia Agronômica para Mitigação, Adaptação e Sustentabilidade”, preparada pelo CONFAEAB (Confederação das Federações de Engenheiros Agrônomos do Brasil), com Introdução, Emissão de GEE e Prevenção de Desastres sob Eventos Extremos, Os Engenheiros Agrônomos do Brasil e a Agenda Climática da COP30, Propostas dos Engenheiros Agrônomos para a COP30 e Conclusão. É uma contribuição objetiva, com 7 páginas.
Outros documentos apresentados, que envolveram Engenheiros Agrônomos e merecem destaque:
(3) O Engenheiro Agrônomo Roberto Rodrigues, enviado especial do setor agropecuário para a COP30, coordenou a elaboração do posicionamento “Agricultura Tropical Sustentável: Cultivando Soluções para Alimentos, Energia e Clima”. O documento, com 156 páginas, assinado pelo Fórum Brasileiro da Agricultura Tropical, foi produzido com a participação de 41 entidades do setor. Tem como principais objetivos reposicionar a agricultura brasileira, apresentar compromissos e resultados alcançados e defender o modelo brasileiro.
(4) “Contribuições da EMBRAPA para o Mutirão Global contra a Mudança do Clima”, com 28 páginas, que contou com a participação de mais de 1.300 profissionais. Aborda propostas para produção de baixo carbono e adaptação às mudanças do clima que impactam a produção de alimentos, com ênfase no papel estratégico da ciência.
Recentemente, o Papa Leão XIV recebeu uma delegação de Engenheiros Agrônomos e Engenheiros Florestais da Itália no Vaticano, em audiência privada. O Papa destacou a missão desses profissionais “como uma forma concreta de caridade para com a nossa mãe Terra e para as gerações que virão”. De acordo com as lideranças italianas, “cuidar da terra significa cuidar do homem”. São os Engenheiros Agrônomos cumprindo sua missão.
*J.O. MENTEN
Engenheiro Agrônomo, Professor Sênior USP/ESALQ, Presidente do CCAS (Conselho Científico Agro Sustentável) e membro da ABCA (Academia Brasileira de Ciência Agronômica)
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