O deputado estadual Pedro Pedrossian Neto (PSD-MS) encaminhou à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) um estudo técnico que reforça a viabilidade econômica, logística e estratégica do trecho ferroviário entre Campo Grande e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, conforme informou a reportagem do Capital News. O ramal, atualmente excluído do processo de relicitação da Malha Oeste, é apontado como essencial para o desenvolvimento regional e a integração com o Corredor Bioceânico.
Segundo o estudo, somente a safra 2022/2023 produziu mais de 11,3 milhões de toneladas de soja e milho na área de influência do ramal. Além disso, a região concentra usinas que geram cerca de 3 bilhões de litros de etanol, 1,7 milhão de toneladas de açúcar e frigoríficos e abatedouros com produção anual superior a 850 mil toneladas de proteína animal. Considerando ainda cargas como fertilizantes, sal mineral e outros grãos, a demanda potencial total ultrapassa 18 milhões de toneladas por ano.
Contestação aos argumentos da ANTT
A ANTT havia justificado a exclusão do trecho sob a alegação de baixa atratividade e ausência de volume de carga suficiente. O novo levantamento, porém, confronta diretamente essa narrativa.
“Só no ramal Campo Grande–Ponta Porã nós temos 18 milhões de toneladas de carga para ser transportada. Então não fica de pé a argumentação da ANTT de que não existe carga e que, portanto, não teria viabilidade. Tem carga, tem atividade econômica, tem viabilidade, sim”, afirmou o deputado Pedro Pedrossian Neto.
O documento foi reenviado à ANTT após solicitação da própria agência, em um gesto interpretado como abertura para reconsiderar a exclusão. O deputado também destacou apoio do ministro dos Transportes, Renan Filho, que, segundo ele, reconheceu que a exclusão pode ter sido um erro técnico.
Governo de MS unido pela inclusão do ramal
A reinclusão do trecho Campo Grande–Ponta Porã no contrato da Malha Oeste tem mobilizado não apenas o Legislativo, mas também o Executivo estadual e do Governador Tarciso de São Paulo. O governador Eduardo Riedel vem atuando ativamente ao lado do deputado Pedrossian Neto nessa pauta, reforçando o posicionamento do Mato Grosso do Sul perante o governo federal.
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Governador Eduardo Riedel apoia o projeto e ação do deputado Pedrossian Neto junto a ANTT
O movimento também conta com o engajamento direto do secretário da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck, que tem articulado tecnicamente a defesa da viabilidade do trecho junto à ANTT e ao Ministério dos Transportes. Verruck destaca que a logística ferroviária é fundamental para tornar o estado mais competitivo e preparado para o futuro corredor de integração continental.
Implicações regionais e estratégicas
Além do potencial logístico, a reativação do ramal é considerada estratégica para ampliar a integração com o Paraguai, promover o desenvolvimento do sul do estado e garantir a inserção do Mato Grosso do Sul no futuro Corredor Bioceânico, rota que ligará o Brasil aos portos do Chile via Paraguai e Argentina, com potencial para revolucionar o escoamento da produção brasileira pelo Pacífico.
“Nós abrimos uma nova discussão, um novo capítulo, para incluir o ramal Campo Grande–Ponta Porã, que era considerado carta fora do baralho”, declarou Pedrossian Neto.
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Deputado Pedrossian Neto apresenta o Mapa de Produção Agropecuária para introdução da logística e estratégica do trecho ferroviário entre Campo Grande e Ponta Porã
Participação pública prorrogada
A ANTT prorrogou o prazo de contribuições para a Reunião Participativa nº 003/2025, que discute o futuro da malha ferroviária federal. O novo prazo foi publicado na edição de 12 de maio de 2025 do Diário Oficial da União. A extensão do período para sugestões amplia as possibilidades de participação de governos estaduais, empresas, associações e a sociedade civil — e abre espaço para revisão de trechos polêmicos, como o de Campo Grande–Ponta Porã.