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Brasília

Organizações indígenas comemoram retomada presencial do julgamento sobre marco temporal

STF remarca sessão para 10 de dezembro, atendendo pressão de movimentos

Elaine Oliveira
Capital News

Organizações que representam os povos indígenas comemoraram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de remarcar para a próxima quarta-feira (10) o início do julgamento do marco temporal, agora de forma presencial. A previsão anterior era de que o processo começasse nesta sexta-feira (5), no plenário virtual.

A tese do marco temporal, defendida por setores do agronegócio, da mineração e de partidos de direita, prevê que os povos indígenas só podem reivindicar territórios que ocupavam em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) classificou a mudança como uma vitória conquistada pela mobilização do movimento. A entidade havia protocolado, junto a organizações regionais e parceiras, um pedido formal ao STF para garantir a participação dos povos indígenas na sessão. A APIB ressaltou, porém, que este é apenas o primeiro passo e reiterou uma série de reivindicações:

Ampla participação indígena durante todo o julgamento;

Declaração de inconstitucionalidade integral da Lei 14.701/2023, que busca regulamentar o marco temporal;

Restabelecimento pleno do rito constitucional de demarcação previsto no artigo 231 da Constituição;

Reafirmação da proteção das terras indígenas como fundamento para a vida, a cultura e o equilíbrio climático.

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) adotou tom mais crítico ao afirmar que “o STF garantiu apenas a realização presencial da leitura do relatório e das sustentações orais no dia 10/12, etapa importante, mas ainda insuficiente diante da gravidade do tema”. A entidade lamentou que não haverá votação dos ministros nesta data. A sessão servirá apenas para ouvir as partes envolvidas, e a data da deliberação será marcada posteriormente.

Segundo a Coiab, o formato virtual “reduz a transparência em um tema que define o futuro das Terras Indígenas no Brasil” e limita a participação dos povos afetados. A organização reforçou a necessidade de respeito aos direitos constitucionais e à Convenção 169 da OIT, que assegura consulta prévia e participação plena dos povos indígenas.

Lideranças do Conselho Indígena de Roraima (CIR), que representa povos como Wapichana, Macuxi, Yanomami e Wai Wai, reforçaram a exigência de que todo o julgamento aconteça presencialmente. Para a instituição, a vigência da Lei 14.701/2023 já produz efeitos graves, como a paralisação de demarcações, o fortalecimento de invasores e o aumento dos riscos para quem luta pela retomada de territórios.

O STF declarou o marco temporal inconstitucional em setembro de 2023. Em seguida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou o projeto de lei que tentava validar a tese. Porém, em dezembro do mesmo ano, o Congresso derrubou o veto e restabeleceu a validade da norma. Após isso, PP, PL e Republicanos acionaram o STF para manter o marco temporal em vigor, enquanto organizações indígenas e partidos governistas recorreram para derrubar novamente a tese.

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