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Polícia Quinta-feira, 21 de Setembro de 2023, 09:12 - A | A

Quinta-feira, 21 de Setembro de 2023, 09h:12 - A | A

Indígenas assassinados

Assassinato de casal indígena no Mato Grosso do Sul pode ser investigado pela Polícia Federal

Conselho Indigenista Missionário emitiu nota em que pede rigor na investigação

Elaine Oliveira
Capital News

Reprodução/TV Globo

Assassinato de casal indígena no Mato Grosso do Sul pode ser investigado pela Polícia Federal

Casa de Sebastiana e Rufino, líderes espirituais indígenas, após incêndio criminoso

O Ministério dos Povos Indígenas pediu que a Polícia Federal (PF) assuma as investigações do assassinato de um casal indígena ocorrido nesta segunda-feira (18), em Aral Moreia (MS), cidade na fronteira com o Paraguai. Uma líder religiosa da etnia guarani-kaiowá e o marido, ambos idosos, foram encontrados carbonizados na aldeia Guassuty.

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) emitiu nota em que pede rigor na investigação do assassinato dos guarani kaiowá Ñandesy Sebastiana Galton, 92 anos de idade, e de seu companheiro, Rufino Velasquez, ocorrido na segunda-feira (18), e ressaltou que as vítimas receberam ameaças dias antes do crime. A mensagem foi divulgada nesta terça-feira (19).

Ainda de acordo com o Cimi, membros da TI Guasuti acreditam que o casal pode ter sofrido agressões antes de terem a casa incendiada. Para a comunidade, resta também preocupação quanto a violação do xiru da líder espiritual, uma espécie de oratório, que, na crença de seu povo, encerra seres e poderes que, se queimados, espalham doenças e males.

A Kuñangue Aty Guasu, Grande Assembleia das Mulheres Kaiowá e Guarani de Mato Grosso do Sul, ressaltou nesta terça-feira (19) que Ñhandesy Sebastiana já havia recebido ameaças de morte nos últimos anos, em um contexto que a entidade entende como fruto de "discursos coloniais de ódio", reproduzidos no estado.

"Isso demonstra que a violência seguida de homicídio/feminicídio que dona Sebastiana e seu Rufino foram vítimas não é apenas uma tragédia individual, mas também uma realidade violenta enfrentada por muitos rezadores e guardiões das ancestralidades indígenas Kaiowá e Guarani em Mato Grosso do Sul”.

A Kuñangue Aty Guasu disse em nota que “repudia qualquer forma de violência, principalmente aquela perpetrada contra mulheres, meninas, anciões e anciãs indígenas. Esse crime bárbaro é inaceitável e exige que a justiça seja feita de forma rigorosa”.

Confira a mensagem do Papa Francisco; “Quero exprimir a minha proximidade nestes momentos de sofrimento, assegurando-lhes de meus sufrágios por todos os membros do Povo Kaiowá e Guarani já falecidos e de minhas preces ao Altíssimo para que se encontrem caminhos que possam garantir-lhes uma vida tranquila e pacífica na terra em que vivem” – Papa Francisco, em carta aos Kaiowá e Guarani.

Reprodução/TV Globo

Assassinato de casal indígena no Mato Grosso do Sul pode ser investigado pela Polícia Federal

Casa de Sebastiana e Rufino, líderes espirituais indígenas, após incêndio criminoso

Crime

Os corpos da líder espiritual e de seu companheiro foram encontrados carbonizados na casa onde viviam, na Terra Indígena (TI) Guasuti, no município de Aral Moreira (MS). Segundo o Cimi, a informação sobre as intimidações chegaram por meio de familiares das vítimas, que contaram como estava a situação no local a uma equipe da entidade.

Os parentes de Ñandesy e Velasquez relataram que o clima de tensão e iminência de ataques fez com que o casal mudasse a rotina, tendo que se recolher em casa ainda durante o dia, e que os conflitos por terra e a intolerância religiosa na região pioraram durantes os últimos meses.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram imagens dos corpos em meio à fumaça provocada pelo incêndio criminoso que consumiu a casa onde moravam. Segundo o ministério, o crime ocorreu durante a madrugada, mas as imagens só foram divulgadas durante a tarde.

O caso está sendo investigado pelas polícias Civil e Militar do estado. A unidade de Ponta Porã da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) informou que um suspeito, cuja identidade não foi revelada, foi identificado e detido.

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