A crise financeira representou para o turismo "um dos piores golpes de sua história", anunciou neste domingo a Organização Mundial de Turismo (OMT), destacando a queda de seu crescimento, que se reflete na França, primeiro destino mundial, e em seu concorrente na Europa, a Espanha.
Após quatro anos de sucesso, "o turismo vive um dos piores golpes de sua história", declarou o subsecretário-geral da OMT, Geoffrey Lipman, admitindo que "as perspectivas para 2009 são preocupantes" e que não se prevê "recuperação no primeiro semestre".
Segundo a OMT, a crise financeira provocou um claro freio no crescimento do turismo internacional, que se limitará a 2%, em 2008. No ano que vem, na melhor das hipóteses, será nulo.
Em 2007, 9O3 milhões de turistas viajaram pelo mundo, ou seja, 6,6% a mais do que em 2006, resultado que foi superior às previsões.
Apesar da crise financeira, a OMT, agência subordinada às Nações Unidas, mantém suas previsões de longo prazo e acredita que, em 2020, o número de turistas baterá a casa de 1,6 bilhão.
Menos afetado do que outros setores, como o imobiliário, o da construção, ou o de automóveis, o turismo também sofre as conseqüências da recessão nos países industrializados, embora não se possa negar que, "quando a atividade se reaquece, é também o primeiro setor que floresce", segundo a OMT.
As viagens de negócios se vêem especialmente atingidas: as empresas, sobretudo, do setor financeiro e bancário, reduziram seus orçamentos, assim como o número de seminários e conferências.
Depois de uma alta contínua de 5,7% nos primeiros quatro meses de 2008 e de um recorde de 7% em maio, o crescimento do turismo internacional começou a estancar a partir de junho (1,5%).
Nos primeiros oito meses do ano, o mercado aumentou uma média de 3,7%, mas, de acordo com a OMT, essa tendência se degradou. A queda foi particularmente sentida na Ásia-Pacífico, em pleno boom até março (um aumento de 7%, em 18 meses), e onde os turistas internacionais diminuíram em 2% em agosto.
Já o índice de progressão do turismo na África se dividiu, a 3,2%, para um período de oito meses.
A atividade na Europa também recuou (1,7%, em oito meses), após ter experimentado um aumento médio 5% nos últimos dois anos.
Primeiro destino mundial, com 81,9 milhões de turistas em 2007, a França refletiu essa tendência - nos primeiros sete meses do ano, o número de visitantes diminuiu em 0,6%. Junho e julho registraram os piores resultados, com quedas de 3,3% e 2,8%, respectivamente.
Essa nuvem preta também passou por sua principal concorrente na Europa, a vizinha Espanha, que sofreu um retrocesso de 0,9% em nove meses. Seu pior momento foi em julho, em plena estação de veraneio (hemisfério norte), onde a queda no número de visitantes chegou a 8%.
Já os Estados Unidos atraíram, por conta da debilidade do dólar, 9,5% a mais de turistas desde o início do ano. Essa mesma tendência positiva se refletiu no Oriente Médio, onde o setor registrou alta de 17,3%.
Uma conferência regional de especialistas e ministros da OMT dedicada à crise e ao meio ambiente está prevista para os próximos domingo e segunda-feira, em Sharm el-Sheikh, a localidade costeira egípcia que quer se transformar em um destino "ecológico", seguindo o exemplo do Sri Lanka.
Entre as possíveis receitas contra a crise, Lipman sugeriu "uma moratória sobre os impostos relacionados às viagens".
"Os governos devem se dar conta de que não é o momento de aumentar a carga das empresas", insistiu. (Fonte: AFP)