Campo Grande 00:00:00 Domingo, 05 de Outubro de 2025


Meio Ambiente Sexta-feira, 18 de Abril de 2008, 16:23 - A | A

Sexta-feira, 18 de Abril de 2008, 16h:23 - A | A

Projeto \"Rios Voadores\" sobrevoa Corumbá

Capital do Pantanal (VN)

A expedição Rios Voadores realizou nesta semana mais um vôo de coleta de amostras de umidade, o sexto desde o início do projeto, em junho de 2007. Desta vez, o destino do piloto ambientalista Gérard Moss foi o Pantanal e arredores, passando por Corumbá, o noroeste do Paraná e o oeste do estado de São Paulo.

O objetivo desta expedição foi estudar o Pantanal como um provedor de umidade para o resto do país, sabendo que uma parte da umidade que sai da Amazônia transita pela região. "Foi um vôo bem interessante, pois coletamos amostras em situações bem opostas. Inicialmente, os ventos eram fortes vindos do Norte e Noroeste. No final da expedição, os ventos já vinham do Sul e Sudoeste, com entrada de uma frente fria", conta Gérard, que também é o idealizador do projeto. "Essa transição do Norte para o Sul pôde ser medida e sem dúvida enriquecerá nossos estudos", afirma.

De acordo com o coordenador científico do projeto, Enéas Salati, o Pantanal é um local que merece uma atenção especial, pois do total que chove na região, apenas 20% sai pelos rios. O restante volta para a atmosfera na forma de vapor. "Como é uma área inundada, o local está em constante evaporação", explica. Segundo o professor, as amostras coletadas na região poderão ajudar a análise sobre a quantidade de vapor d´água que sai do Pantanal para outras localidades do Brasil.

Para saber o percurso que deve seguir, o piloto contou com conselhos detalhados de meteorologistas da CPTEC/INPE, situado em Cachoeira Paulista (SP). Os experts dispõem de um computador de alta tecnologia, que faz uma previsão numérica de tempo em área limitada. A máquina é baseada no modelo BRAMS, que foi criado pela CPTEC/INPE em agosto de 2005. Sendo assim, é possível definir o deslocamento das massas de ar em 48h e segui-las.


Saiba mais sobre o projeto

Numa experiência inédita, o projeto tenta descobrir o "DNA" das chuvas que caem sobre o país e com isso aprofundar os estudos sobre o transporte de vapor d´água da Bacia Amazônica para outras regiões do Brasil e da América do Sul.

Os chamados "rios voadores" são correntes de ar que carregam umidade do Norte ao Sul do Brasil. O termo tem uma explicação. A quantidade de vapor d´água, transportado por essas massas de ar, tem volume que pode ultrapassar a vazão de todos os rios do Centro-Oeste, Sul e Sudeste ou até ter a mesma ordem de grandeza da vazão do maior rio do mundo, o Amazonas (mais de 200.000 m³/s).

As amostras estão sendo analisadas no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) em Piracicaba. Além de coordenador do projeto, o cientista Enéas Salati é também diretor técnico da FBDS, conhecido internacionalmente por seu trabalho com técnicas isotópicas na Amazônia. Segundo ele, ainda existem dúvidas a respeito de qual seria o valor exato da contribuição da Amazônia para o regime de chuvas das regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste. "O projeto tem entre outros objetivos tentar quantificar com mais precisão esses valores", explica Salati.

Entre outros objetivos, o projeto também tenta aproximar a população dos centros urbanos das grandes questões que envolvem a Amazônia e alertá-la sobre a importância do uso racional dos recursos naturais. Além disso, Rios Voadores procura revelar para o grande público uma importante fonte dos recursos hídricos brasileiros.

A expedição Rios Voadores é uma extensão do projeto Brasil das Águas que, desde 2003, tem como patrocinador master, a Petrobras, dentro do Programa Petrobras Ambiental. Conta também com a parceria da Agência Nacional de Águas, BR Aviation e Chubb Seguros, entre outras empresas e instituições. Para mais informações acesse o site: www.riosvoadores.com.br.

Comente esta notícia


Reportagem Especial LEIA MAIS