Com 1.154 focos de incêndios registrados em 2012, a região do Nabileque foi a que mais queimou no Pantanal Sul-mato-grossense até o final do mês passado. É o que indica o levantamento realizado pela Embrapa Pantanal, onde foram detectados 3.996 incêndios florestais entre os dias 1º de janeiro e 31 de agosto. No mesmo período de 2011, haviam sido registrados 590 focos.
A falta de chuvas nesta época do ano é a principal explicação para o crescimento de mais de 95% nos casos de incêndios. "Em 2012, os índices de precipitação pluviométrica e umidade relativa do ar estão abaixo do esperado para a região do Pantanal, o que tem forte relação com o aumento dos focos de calor, em função da variação na distribuição das chuvas e consequentemente dos baixos valores de umidade relativa do ar", explicou Balbina Soreano, pesquisadora de Climatologia da Embrapa Pantanal.
De acordo com a divisão de Meteorologia do Aeroporto Internacional de Corumbá, a última chuva registrada na cidade ocorreu no dia 07 de julho, quando choveu apenas 1 milímetro. "Quantidade insignificante diante do cenário de poucas chuvas que já vinha ocorrendo na região do Pantanal. Este ano, o Pantanal encheu muito pouco e o período de estiagem está bem pronunciado, com índices de umidade relativa do ar muito baixos, o que vem acarretando esse aumento de focos de calor", continuou Balbina.
A subregião do Paraguai, com 979 focos, Paiaguás (873), Nhecolândia (578), e Abobral (177) também sofreram com a ação do fogo. Segundo a pesquisadora Sandra Santos, especialista na área de monitoramento, manejo e conservação de pastagens nativas, o Pantanal é formado por um mosaico de áreas de campo, savanas e florestas. Geralmente nesta época do ano (final da seca) as áreas de campo, principalmente aquelas sem gado, apresentam um excesso de capim seco que constitui num material combustível de fácil ignição.
"Portanto, em áreas de acesso ao homem qualquer fagulha poderá ocasionar o início do fogo que se alastra rapidamente nas áreas com alta densidade de biomassa. Observa-se que o fogo geralmente tem início nas áreas de acesso e com alta biomassa de capim seco. Em campo de alta inundação como beira de rios, em determinados anos (mais secos) há uma grande quantidade de fitomassa e liteira que se acumula ao longo do tempo e favorece a propagação do fogo que é mais persistente e de difícil controle (caso da borda do rio Paraguai próximo de Corumbá)", descreveu a pesquisadora.
Focos
Em todo o ano, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) já registrou 3.985 focos de queimadas em Corumbá, sendo 283 apenas nos primeiros quatro dias de setembro. É a cidade de Mato Grosso do Sul que mais sofre com esse problema. Porto Murtinho, com 19 casos, e Nova Alvorada do Sul e Paranhos, com 4 cada uma, aparecem na sequência.
Em todo o País, já foram detectados 5.948 queimadas somente em setembro. Com mais de 1.100 casos, o Mato Grosso lidera o ranking nacional, seguido pelo Tocantins, com 742, Maranhão (620), Bahia (577) e Minas Gerais (3.925). O Mato Grosso do Sul ocupa a oitava posição, com total de 334 focos. (Fonte: Diarionline)